quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Inclusão - Uma Escola Para Todos

   Inclusão nas Escolas, um tema complexo e que ainda não é do conhecimento geral. Passa por professores, alunos, pais, diretores, coordenadores, gerentes, mas não há consenso. Os educadores em geral ainda não formaram uma idéia completa sobre o tema, por vários motivos.
   Professores, de uma maneira geral, tem uma formação deficiente e ficam à mercê de crenças e valores pessoais para tratar de uma questão social maior. Se apenas fossem formadores de opinião, já seria problemático, mas como gestores de um processo altamente complexo, trabalhando na linha de frente do mesmo, é de se questionar se conseguem trabalhar diferentes níveis e situações de inclusão em sala de aula. Sabendo que os “normais” dotados de todos os sentidos (audição, visão, tato, paladar) e portanto aptos a aprendizagem  não são atendidos de maneira eficiente pelo sistema educacional, imagine crianças com deficiência em um ou mais dos sentidos! Ou com severas dificuldades de aprendizagem! Agora calcule o que pode acontecer quando todos são colocados na mesma “bacia das almas”, ou seja, no mesmo ambiente (sala de aula).
   Como é possível trabalhar inclusão em escolas abarrotadas de alunos (30 ou 40 na mesma sala de aula) e sem estrutura de atendimento específico? É completamente descabida a colocação de que inclusão é colocar todo mundo no mesmo pacote para ver o que acontece lá na frente. A idéia de que os “normais” vão beneficiar os “não normais” é tão fora de propósito quando o inverso. Não há benefício em nenhum dos casos. Os deficientes de qualquer ordem na verdade são deixados em sala de aula, esperando o tempo passar, porque precisariam de muito mais do que isso para de fato poderem participar das atividades que foram projetadas para quem não tem a deficiência – seja ela qual for.
   Quase todos os professores não tem a menor formação ou habilidade para desenvolver um trabalho produtivo com essas crianças e adolescentes, recebendo os alunos simplesmente porque não podem recusá-los. Diretores e Coordenadores não colaboram em nada na orientação dos desorientados, até porque tudo é feito de cima para baixo, com uma imposição que nasce de um equivoco burocrático e chega até as crianças na forma de uma aberração institucionalmente aceita e, portanto, incontestável por quem está preso aos meandros da malha administrativa a que pertence. E quem paga o equívoco? Justamente os que mais precisariam de ação profissional objetiva para resolver questões decorrentes de suas deficiências naturais.
   Uma segunda onda de prejudicados é formada pelos pais, que acreditam e esperam realmente que, a escola que acolheu seus filhos, esteja de fato trabalhando a questão com competência. Precisam de ajuda inclusive para saber como se conduzir de forma proveitosa em casa também, mas esse tipo de informação não é repassada – ate porque seria preciso um profissional da área para transmiti-la.
   Quem leva vantagem nesse ambiente caótico? O Estado, que se desobrigou de fornecer escolas específicas para o atendimento das crianças e adolescentes com necessidades especiais. Imagine a economia para os cofres públicos em detrimento do bem estar daqueles que precisam de atendimento especializado!
   Pessoas com deficiência precisam de atendimento por profissionais com habilitação (formação específica). Para lidar com deficientes auditivos, por exemplo, é preciso saber LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais), caso contrário o atendimento dado será inespecífico e não contribuirá em nada para aquela pessoa que precisa se inserir na sociedade – que tem como convenção usar aquele código específico. E como nesse caso, todos os demais tem características próprias que precisariam de um planejamento e metodologia específica para o atendimento real. Por exemplo, como trabalhar com deficientes visuais sem conhecimento de Braille – e do material disponível para tanto, altamente específico. E o treinamento de Braille para professores?  Existe? Claro que não! O problema é mais complexo do que apenas se estabelecer o que é ou não é politicamente correto, porque essa postura sem compromisso acaba por fazer com que escolas recebam as crianças com deficiências para não fazer absolutamente nada por elas.
   Outras questões vão se somando em termos de indagações essências, como por exemplo entender que metodologia é utilizada para trabalhar com um autista, que não estabelece comunicação social? Estamos, como educadores, fazendo realmente alguma coisa por essas crianças?
   Os pais, não tendo alternativas, ficam felizes e até tranqüilos em ver seu filho aceito em um grupo dito “normal” mas não avalia que tipo de trabalho que será desenvolvido,especificamente para a deficiência que a criança ou adolescente apresenta em relação as outros alunos da sala.
   Lendo em uma revista artigo sobre a integração das crianças em uma escola pública de Niterói (RJ), fico tremendamente abalada por entender que esta integração é uma “festa pedagógica”, nada tendo de cientifica e de longitudinal no trabalho desenvolvido. Lógico que crianças e adolescentes portadores de deficiências devem fazer filme, teatro, e outras atividades com os colegas que tem todos os sentidos e nenhuma doença especifica que os  torne  especial, mas eles tem também direito de receber  atendimento especializado para que possam concorrer de igual para igual com todos os outros  dentro da sociedade. Será que ninguém avalia que este encontro beira a caridade, onde os mais aptos cedem lugar aos colegas com deficiências para promoverem esta integração. Será que estes jovens tem oportunidades equivalentes? Não estou falando iguais? Mas pelo menos equivalentes?
   Existe um receio muito grande em fazer estas afirmações, pois parecem discriminatórias,  quando sabemos que é uma coisa desleal não oferecer aos deficientes parâmetros para que se desenvolvam com as suas dificuldades, já que o mundo esta organizado para os ditos “normais”.  As crianças com necessidades especiais têm que poder lutar pelos seus direitos como todos os cidadãos da sociedade. Merecem atendimento adequado e especifico. Já foi perguntado a essas crianças e adolescentes como se sentem junto a um grupo sem as suas características? E aos professores, que nada sabem sobre os casos que recebem aleatoriamente e de cima para baixo, como se sentem sem conseguir desenvolver estas crianças? Não ninguém pergunta nada . Fazem as leis e as publicam para cumprimento. Parece que uma lei tem o poder de ensinar os professores a trabalhar com tanta diversidade. Diga-se de passagem, que os ditos “normais” já apresentam, do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo, vários níveis que deveriam ser contemplados com atividades diversificadas. Agora imagine a confusão daqueles com seqüelas psicológicas, deficiências visuais, auditivas entre outras.
   Como educadores e pais, temos que lutar para que se criem escolas especializadas, onde os professores terão  formação especifica para cada deficiência, material pedagógico adequado e espaço também planejado para as crianças e adolescentes especiais. Não adianta tapar o sol com uma peneira e pensar que eles podem ser trabalhados juntos, pois não é o que acontece. São jovens deixados  a sua própria sorte, por falta de um trabalho realmente serio.
   Fazer um filme, uma peca de teatro ou um trabalho jornalístico são jogos importantes mas não determinantes para a educação desses jovens. Como eles estão estudando a biologia? A matemática? Geografia? Física? E por ai vão as perguntas. Eles precisam todas as oportunidades que são oferecidas a todos os jovens no Brasil e no Mundo. Não precisam de “caridade” do Estado, mas sim de RESPONSABILIDADE por parte do Estado para que possam alcançar tudo o que realmente desejam, podem e merecem na vida.

Beta

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