
O que está sendo ensinado aos jovens? Peguem a prova e vejam. Qual a física? Quântica, Teoria da Relatividade? Filosofia? Eles sabem sobre os buracos negros? Já estudam a química quântica? Estudam Imunologia? Sabem da liquefação do oxigênio? Estudam a radiação no átomo de urânio? Sabem da conversão das ondas do rádio em som? O que sabem da mecânica matricial? Sabem que o desenvolvimento mental tem quatro estágios que foram descritos desde 1929?
Poderíamos listar centenas de conhecimentos que não entraram ainda nas escolas e que já figuram nos meios científicos a mais de dois séculos. Não, eles aprendem tudo que está nos livros didáticos, já superados por novas teorias. Em matemática são desafiados a demonstrarem os teoremas de outra forma ou a repetir os modelos dados por seus professores? Tudo é repetição para eles e dai dizerem, no final, que formaram os jovens, o que significa dizer que os colocaram “na forma”. Ficam os jovens o dia inteiro na escola preparando-se para os exames. Se fosse uma coisa normal, estariam jogando e brincando, pois faz parte do desenvolvimento da espécie. O animal humano tem necessidade de brincar, tudo deve ser um jogo, inclusive a escola que é o principal ponto de encontro dos jovens. O exame viria para verificar aprendizagem, não para verificar se os indivíduos decoraram os pontos dados. A programação escolar deve conter muitas visitas à comunidade, pois os jovens não conhecem nem a cidade onde moram. Não vão ao teatro, exposições, centros culturais, fábricas e centros de produção de alimentos. Se fosse dada uma prova contendo a vida, eles não passariam. Isso acontece porque a vida não tem importância? Porque os pais e educadores estão querendo saber quanto de conteúdo seus alunos e filhos tem acumulado? Todos se esquecem que esses conteúdos não vão servir para nada no futuro, nem sequer no futuro próximo! O mercado de trabalho não quer saber o que eles sabem, mas o que conseguem criar. O importante na era do conhecimento é a CRIATIVIDADE.
Para passar nestes exames, basta um treinamento organizado para todos serem aprovados. Mas para ser criativo, são longos anos trabalhando com uma metodologia diferenciada e nem todos conseguem, no final da empreitada, os resultados ótimos. Logo, e muito difícil trabalhar o jovem para ser criativo, mas esse é o destino do ser humano. Repetir o que já foi feito, as máquinas podem fazer, não sendo trabalho para o homem – esse ficará com a espinhosa tarefa de inventar o novo. Como podemos falar ainda em “conteúdo”? Os professores deveriam estar preparados para propor trabalhos em dinâmica de grupo e o resultado seria sempre diferenciado, pois mesmo com um conteúdo idêntico teremos resultados sempre novos, pois em dinâmica de grupo as combinatórias são diversas. Toda a tecnologia é usada a serviço de uma antiga pedagogia, logo não muda nada. Ela deveria ser utilizada pelos alunos e não pelos professores. Tem que haver uma mudança do ponto de vista. Os alunos é que deveriam dar as aulas: deixem eles falarem. Como diz Lauro de Oliveira Lima “O professor não ensina, ajuda o aluno a aprender”. Seré que os professores entendem a mensagem contida nesta frase? Ele esta dizendo: não falem, não dêem aula expositiva, mesmo que seja com o data-show, porque continua a ser uma aula expositiva com apoio tecnológico. Deixem os jovens lerem, estudarem, fazerem perguntas que esse é o segredo para uma aula realmente interativa. Quem tem que responder são os seus pares; o professor fica apenas como o orientador da aprendizagem. Vamos convencer o professor que o papel dele, modernamente, é ser como o técnico dos times. Ele não joga, deixa os atletas jogarem.
Analisando artigos sobre a questão dos exames, fiquei surpresa em saber que um dos “mandamentos” das escolas que estão no topo do ranking, as chamadas “escolas de sucesso”, é manter um “canal aberto entre professores e alunos”. Surpreendente! E eu que pensei que isso era a regra para ser professor! Então tem gente que ainda não faz isso e se diz educador? Sempre achei que para ser professor, era preciso gostar de estar com os alunos, mas parece que, curiosamente, apenas alguns fazem isso. O Professor Lauro de Oliveira Lima diz que “antes de querer ser um sábio, todo aluno quer ser amado”. Logo, não existe escola sem interação entre corpo docente e discente, e o discurso das tais escolas de sucesso é uma enorme balela – que a gente é obrigado a engolir através da mídia.
Por que será que os jovens precisam ir a escola no sábado e domingo, fazer provas? Será que a semana, em horário integral, não é suficiente para cumprir todas as tarefas? Será que o planejamento foi bem feito? Todos, até mesmo os animais, quando trabalham precisam de descanso, mas parece que as escolas acham que isso é um serviço a mais, que satisfaz aos pais? E os jovens, o que acham deste sacrifício? Eles já acham a escola um sacrifício, quando mais seus sábados e domingos. Estes educadores se acham acima do bem e do mal. Não entendem que estes jovens precisam ler, estudar coisas de seus interesses particulares, se encontrarem, irem ao cinema, pois tudo isso faz parte da vida e todos os anos são únicos em nossas vidas. Fica a sensação de que todo esse movimento angaria dividendos políticos para as autoridades educacionais, que “mostram serviço” à custa de um esforço adicional alheio, onde os que se esforçam não foram consultados sobre a conveniência disso. A presença dos pais na escola deveria ser uma coisa natural, já que a educação é conjunta. Não é possível educar sem a participação efetiva da família, e não há porque tornar isso um fator diferencial? Todos os pais devem estar dentro das escolas de seus filhos para melhorar a interação entre a família e seus educadores. Os pais devem levar a escola suas experiências de vida para transmitirem às novas gerações. Sugiro aos pais preocupados com os exames que seus filhos vão prestar verem o filme “SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS”, porque podem tirar dali alguns ensinamentos preciosos , vendo seus filhos de maneira diferente.
Lembrando ainda que esses jovens definem muito cedo suas carreiras, sem base para isso. No passado, com a permanência das profissões e com a necessidade definir o que se queria fazer antes de entrar na faculdade, isso era uma prática (que já não dava muito certo, mas enfim...). Hoje isso é uma verdadeira xarada, porque as profissões estão desaparecendo com muita velocidade, dando lugar a outras tantas que vão surgindo rapidamente, em decorrência da tecnologia envolvida nos processos. Se há uma exigência que deve ser feita hoje, pelos pais, é de que a escola ensine seus filhos a pensar.
Nada mais.
Beta
Um comentário:
Oi Beta, é obvio que não é mais possível ficar assistindo a que só você lute pela verdadeira transformação da educação tão necesaria no Brasil de hoje. E mais ainda quando o próximo governo começará a ter nas mãos os primeiros dividendos do pré-sal.
Vou repetir pela enésima vez que todos nós que de alguma maneira conhecemos teu esforço e o do Lauro (ex-professores da Chave, ex-pais, professores e pais atuais, alunos e ex-alunos), devemos juntarnos nessa cruzada e, por exemplo, enviar essas tuas palavras de hoje a todos os organismos possíveis, a todos os partidos possíveis, a todos os comunicadores, autoridades, ao MEC. E que isso se faça repetidas vezes. E que também se façam atos públicos, tais como marchas, festivais com a participação de artistas, etc. Talvez seja o momento de lembrarnos de campanhas como a das “eleições diretas já”.
A educação tem uma solução! E ela está ao nosso lado, é só querer, é só ter vontade política. E a nós, Beta, nos toca te ajudar a que essa solução se propague fortemente através de uma campanha forte e irreversível. A nossa força é grande e depende só de nós. Queremos realmente a transformação da educação? Pois se a resposta é sim, vamos fazê-la. Mas terá que ser todos juntos, só a Beta, não dá.
E esse grande movimento deve começar justamente na comunidade que conviveu e convive na Chave, que conhece bem as reais possibilidades de iniciar essa transformação. Só depende de nós.
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