Ana Elisabeth Santos de Oliveira Lima BETA
Nasci numa família de educadores, composta por pessoas dispostas a tudo para realizar seus sonhos e ideais. Comecei a trabalhar muito cedo, ainda durante o Golpe Militar, quando meu pai - Lauro de Oliveira Lima - foi retirado do Ministério da Educação e cassado, ficando sem condições de trabalhar seja porque respondia a IPM (Inquérito Policial Militar), seja porque o sistema bloqueava todas as suas tentativas de arranjar um emprego. Foi um dos homens mais importantes do MEC, e não podia nem ser contratado como datilógrafo, porque imediatamente um agente do DOPS informava a empresa que ele era um “subversivo perigoso”.
Naquela época, por força da necessidade e por ser o que melhor sabia fazer, Lauro formulou seu método de Dinâmica de Grupo e saiu pelo Brasil dando cursos, ajudado por muitos amigos que reconheciam sua competência e trabalhavam para apoiar aqueles que tinham caído em desgraça junto aos militares. Nós, a família, permaneciamos no Rio de Janeiro, montando as apostilas em nosso apartamento. Posteriormente, comecei a acompanhá-lo, assistindo aos cursos e colaborando em tudo o que podia.
Mais adiante, já cursando Pedagogia, tornei-me coordenadora de um Jardim de Infância - Juca&Chico. Trabalhei nesse período também na Fundação Getúlio Vargas, no setor de publicações, sob a chefia de Roberto Amaral,grande amigo de meu pai e que posteriormente tornou-se Ministro da Ciência e Tecnologia. Largando meu empregos, fui ajudar meus pais a montar a escola a Chave do Tamanho, inaugurada em 1972, que teve como objetivo aplicar o Método Psicogenético desenvolvido por Lauro, para atender desde o Ensino Primário até o Ensino Médio, como eram classificados naquela época. Essa foi uma experiência formidável porque obteve a autorização expressa de Jean Piaget para testar a aplicação de suas teorias em Educação, além de ser a consolidação do que Lauro de Oliveira Lima preconizou em seu livro “Escola Secundária Moderna”
Para realizar essa tarefa enorme, convidei algumas amigas de faculdade e, durante dois anos, atuei diretamente em sala de aula com elas, tendo em seguida passado a coordenar o planejamento e montar as atividades para os níveis Sensório Motor, Simbólico e Intuitivo. Os anos foram se passando e adquiri grande experiência no Método Psicogenético, trabalhando diretamente com seu criador e pude apresentar no Brasil e no exterior a experiência brasileira inovadora do Método Psicogenético. Fiz palestras e dei cursos em locais como México (UNESCO), sobre Dinâmica de Grupo, depois em Portugal (Lisboa) [Axiomática de uma Escola Piagetiana], Hamburgo (Alemanha) [Uma escola Piagetiana] e Osnabruk [O impasse na Educação brasileira]. Retornei várias vezes à Lisboa e Genebra para falar sobre o trabalho desenvolvido na “A Chave do Tamanho” e sobre seus resultados .
Em 1980, tive a infelicidade de perder minha mãe, Maria Elisabeth Santos de Oliveira Lima, fundadora da Chave companheira de todas as horas. Assumi a Direção Geral da escola e a coordenação de todos os projetos decorrentes do trabalho realizado, como os congressos, pesquisas, publicação de livros, etc. E até hoje, vou dedico-me a garantir a memória dos fatos passados, a dvulgação dos resultados e das possibilidades do método, a vida e obra de Lauro de Oliveira Lima e a ministrar cursos por todo o Brasil sobre como educar pela inteligência.
Nesse meio tempo, fiz Pós Graduação em Psicopedagogia pela Universidade Federal de Minas Gerais e em Pedagogia Especial pela Louisiania State University (USA), bem como cursos diversos na França.
Sou especialista em trabalhos psicopedagógicos de avaliação de níveis mentais, segundo Piaget, e no trabalho com a família. Organizei três congressos internacionais de Educação Piagetiana, todos promovidos pela “A Chave do Tamanho”, apresentando ao mundo o trabalho ali realizado.
Decorrência dessa atividade que foi evoluindo ao longo do tempo, hoje a Chave do Tamanho trabalha até o nível das Operações Abstratas.
Sou mãe de três filhos e a Betinha, filha mais velha, formada em Farmacologia, é hoje a Diretora Administrativa da escola, coordenando o salto para o futuro que temos em mente, além de estar em constante evolução profissional (atualmente cursa MBA Gestão de Projetos da Fundação Getúlio Vargas). João Pedro, o caçula, está se preparando para fazer duas faculdades simultaneamente, acompanhando as demandas que já se fazem sentir em termos de formação profissonal para esse milênio. Ana Maria fez a opção de sair de casa para o mundo, e está prestes a se formar Administradora e Pedagoga.
Enfim, sou uma pessoa dedicada à Educação em todos os seus aspectos e faço dessa vida uma entusiasmada luta, para que possa deixar um legado útil aos meus sucessores e à humanidade. E afirmo com toda a franqueza que, em meu currículo e na minha história de vida, existe um ponto de referência especial: sou filha de Lauro de Oliveira Lima, um dos maiores educadores brasileiros e homem que ainda não foi totalmente entendido em sua obra por ter nascido uns cinquenta anos à frente de seu tempo.
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