segunda-feira, 30 de maio de 2011
O nosso tempo e os nossos filhos
Educar filhos nunca foi uma coisa fácil, em toda a história da humanidade. Mas educar, é educar mesmo, e não fazer de conta que...
E nos dias de hoje, a experiência tem mostrado que, na grande maioria das vezes, vamos reduzindo o tempo para essa atividade tão importante, que poderá gerar frutos maravilhosos ou terrivelmente amargos. Senão vejamos.
Quando as crianças estão no Período Sensório Motor (de 1 a 2 anos e seis meses de idade), os pais se dedicam, tem tempo e querem saber tudo o que seus filhos fazem. O gasto com esses cuidados é quase ilimitado. Vi no Facebook, recentemente, comentários sobre babás ganhando R$ 5.000,00 (cinco mil reais), o que significa que os pais estão pagando isso para uma pessoa que vai cuidar de seus filhos, nessa fase em que são bebês. Mas o tempo passa.
E na medida em que o tempo passa, os pais vão ficando, curiosamente, com menos tempo para essa importante atividade. Vai escolher uma escola que não cobre muito sua presença, que tenha um preço mais em conta, enfim, que sirva apenas para a permanência da criança durante um período do dia, porque acreditam piamente que ela não tem nada aprender dos dois anos e meio até aproximadamente os cinco anos (do Período Sensório Motor até o início do Período Intuitivo).
Em seguida, os pais ficam preocupados com a Alfabetização e por conta disso a escola ganha novamente destaque como elemento importante no processo. É um modelo seguido frequentemente e preocupa porque os pais, por não saberem exatamente o que é desenvolvimento mental, deixam de trabalhar a questão durante o período mais importante, levando-a a não desenvolver seus potenciais de maneira plena. Por exemplo, o Sensório Motor e o Simbólico são essenciais no processo, porque o primeiro vai ser reciclado nas operações concretas, e o segundo, de 2 anos até 5 anos, vai ser muito importante para as operações abstratas. Todo o desenvolvimento vai estar calcado no Sensório Motor (ação) e todos os outros períodos vão precisar desta base para continuar sua trajetória. E os pais, comumente, decidem pela escola em que a criança vai estudar calcados em parâmetros totalmente aleatórios, o que leva a muitos erros e enganos que irão cobrar seu preço mais a frente. Pais e Mães deveriam trabalhar em conjunto nessa hora, para poderem analisar todas as variáveis – ou pelo menos um número grande delas. Fica sob a responsabilidade da mãe essa decisão, o que é no mínimo uma crueldade para com um dos pares, que carregará para toda a vida a glória ou a culpa pela escolha. E na hora da escolha, não vai ser uma “cozinha branquinha” que garantirá como será o desenvolvimento de seu filho e, portanto, suas chances no futuro.
Seguem o caminho e ai entram no ensino fundamental. Não sabendo o que é ou não importante, os pais procuram saber agora quantos conteúdos seu filho esta “aprendendo” a cada bimestre. Tudo é medido pelo bimestre (quando ocorrem as provas). Não querem mais saber se a criança gosta da escola, ou se esta adequada a seu filho. O que mais querem é uma escola considerada “forte”, aquela que diz que a criança com 7 anos, por exemplo, vai aprender a divisão, operação abstrata que só será entendida realmente aos 10/11 anos, se o desenvolvimento tiver ocorrido com sucesso.
Vamos em frente e, na 2ª. fase do fundamental, aí é o pai quem escolhe, geralmente baseado no julgamento que ele faz da escola com relação aos exames futuros (Vestibular ou ENEM). Mas ele não sabe que essas escolas estão longe de ser modelos internacionais. Nosso ensino em geral, está abaixo da critica. Mesmo as consideradas escolas de elite. Por isso não temos a formação de cientistas. Onde estão nossos prêmios Nobel? Mas os pais estão perguntando é se ele vai passar no vestibular! Será que todos têm que ir até a Universidade? E a Universidade é realmente Universal? E os que não conseguem, vão ficar fora do contexto e da sociedade?
Mas finalmente, aos trancos e barrancos, chegam ao Ensino Médio. Os da classe média e alta, pois os das classes populares já abandonaram a escola por absoluta falta de utilidade para eles do que aprendem nesses cursos, que não levam a nada.
Os que ficam começam a andar por sua própria conta, porque os pais não têm mais nenhum tempo para eles, preferindo fazer apenas a verificação dos boletins, como se isso fosse uma base de diagnóstico confiável. Não tem a mínima idéia sobre o comportamento de seus filhos em sala de aula, se estão dormindo a maior parte do tempo, ou conversando ou mesmo se ausentando das aulas. Não sabem que desafiam os professores, que passam boa parte do tempo combinando a balada da noite ou o churrasco de final de semana. E alguns, nem sequer os boletins tem tempo de ver, para ter uma idéia das notas, mesmo que isso não signifique grande coisa. No final do ano, se o filho não passou para a série seguinte, recorrem a uma escola “mais fácil”, onde finalmente vão ver o filho passar – de um jeito ou de outro.
O que a gente observa, com muita freqüência, são adolescentes abandonados, já que as escolas deixam de promover reuniões de pais para que os professores possam trocar idéias com a família. Os adolescentes vão percebendo que ninguém cobra nada deles. E quando cobra, partem para o vale tudo da “cola” ou da cópia de material de outros. Normalmente, no cotidiano, os adolescentes não estão levando sequer aquele material escolar básico (livros e cadernos) para a escola, já que são totalmente inúteis e desnecessários para eles. Os livros didáticos solicitados pela escola no inicio do ano chegam inteiramente sem uso ao final do mesmo, e quase nenhum pai vê, porque não está prestando atenção a isso ou praticamente nada do que está acontecendo. Ao que parece, o fato de terem “cumprido a sua obrigação de pais”, comprando o material determinado pela escola, liquida com todas as demais obrigações. Se o professor conseguir, o aluno usa... e não há nada menos verdadeiro do que isso.
O professor, com 30 ou 40 alunos dentro de sala de aula, não tem idéia do que está acontecendo ali, porque está escrevendo no quadro (verde, negro, digital) enquanto os alunos estão ali, naquela festa, entregues a própria sorte.
Pais existem, em quantidade, que não sabem que seus filhos bebem, fumam, usam drogas ou roubam. Por incrível que pareça, não tem idéia nem sobre a opção sexual de seus filhos. São pais que acham que, a essa altura da vida, já fizeram tudo que podiam ou deveriam fazer para seus filhos, e é aí que mora o problema maior: nossos filhos são para toda a vida! E precisam ser atendidos em todas as fases.
E tudo isso que foi dito acima não é um relato baseado em fatos que ocorrem na escola pública. Não, são acontecimentos rotineiros de escolas particulares, que se dizem de excelência, e que prestam serviço a pais que se dizem responsáveis e atentos aos seus filhos.
Não deixem a coisa andar do jeito largado, porque haverá inevitavelmente o dia em que a pergunta vai surgir: onde foi que eu errei???
Beta
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2 comentários:
Ola a todos do blog! Me chamo Fabiana e tenho um filho de 11 anos a qual me dedico integralmente "não trabalho" mas tenho notado que desde que meu filho mudou de escola para uma com mais regra ele tem ficado mais rebelde egoísta e esta me dando um trabalho enorme por conta das tarefas de escola as vezes penso do que adiantou largar emprego pra ficar com ele se não tem valor nenhum pra ele!!! Aguem poderia trocar idéia a este respeito obrigado!
Fabiana, como nao mandou seu email estou respondendo aqui. O importante nao e a quantidade de tempo, mas a qualidade. O seu trabalho e importante para voce e para seu filho. Nao fique preocupada com os deveres. Sao dele e da escola. Cobre da escola, para que eles cobrem da crianca. Regra tem que ter. Crie algumas para ele seguir em casa. Tenho no blog orientacao para as regras. Escreva as suas duvidas.
Um abraco,
Beta
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