segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Nosso lar é um local impróprio para menores (estudantes)


Este é o titulo de um capitulo do livro do Prof. Lauro de Oliveira Lima (Conflitos no Lar e na Escola), onde ele relata os problemas que temos que denunciar para colaborar com os pais e professores na educação das crianças. Lauro chama a atenção para o fato de professores e pais não estarem constantemente estudando e nem mesmo lendo, pois basta ver que a tiragem de nossos jornais não cobre 10% de nossa população. Como podem educar as futuras gerações, que estão ligadas ao futuro? O que podem oferecer se não sabem quais as projeções para o mundo em que irão viver? A maioria das crianças não tem em casa local adequado para estudar. Estudam na sala de jantar, que é o local onde a família brasileira se reúne, e onde as crianças não podem deixar seu material preparado para continuar suas tarefas, quando interrompidas. Mesmo os mais ricos possuem grandes quartos e todas as aparelhagens eletrônicas, mas não possuem um quarto de estudos. As casas não têm uma pequena biblioteca, nem muitas vezes um dicionário em local de acesso fácil. Nossas casas não foram planejadas para que surjam intelectuais. Diz Lauro: “Todos sabem a profunda influencia que os hábitos familiares têm na conduta dos filhos. Se os pais só conversam sobre mundanismo ou comércio, se não apreciam literatura ou música seleta, se não há em casa uma obra de arte, por mais medíocre que seja como esperar que de ambiente assim surja um intelectual?” Se a escola atual está somente baseada nos “deveres de casa”, pois na escola os professores somente marcam as lições, como podem aprender frente a inexistência de ambiente para estudar em seus lares. Lauro pede que os professores calem um pouco a boca e deixem os seus alunos aprenderem através do estudo. “A escola deveria ser um local de estudos e não de ouvir aulas.” Lembra ele que o professor que ainda fala perante uma turma, nem desconfia da descoberta da imprensa, pois reproduz oralmente o que esta escrito nos compêndios. E eu acrescento, atualizando o texto, que o professor que ignorar a internet, nos dias de hoje, provavelmente será ignorado por seus alunos na mesma intensidade. Normalmente o professor não é um cientista que esteja apresentando suas novas teorias e sim um reprodutor de teorias arcaicas que a garotada não esta interessada em ouvir, pois já sabem de novidades que viram na internet. A moderna forma de dar aula é a dinâmica de grupo, onde o professor traz a situação problema e põe para que os alunos a discutam, cheguem a uma conclusão (certa ou errada- não importa) e façam um relatório que será confrontado com os dos outros grupos da mesma sala. Dentro desta metodologia o professor tem que ter alta capacidade de programação, para que o instrumento de trabalho sirva claramente a aprendizagem. Os professores devem estar conscientes de que são os orientadores da aprendizagem, principalmente dos alunos com dificuldades, Os bons alunos não precisam de professores, como indivíduos saudáveis não precisam de médico. As escolas, atraves dos professores, dividiam com as famílias, que eram grandes (vários filhos) a tarefa de educar o que ficou inviável com a mudança que ocorreu nelas de acordo com Luc Ferry (filósofo francês). Ele coloca que elas se tornaram muito reduzidas e com objetivos diferenciados de sua formação original. As famílias hoje estão muito modificadas quanto à quantidade de filhos, casamentos e separações, projetos econômicos e trabalhos dos pais (mãe totalmente engajada no sistema de produção), tendo ainda que se levar em conta a escolarização que foi prolongada para ambos os sexos. A família grande, que tinha dentro dela brigas, brincadeiras, lutas , jogos, discussões, trabalho em comum, divisão de tarefas, oferecia um contínuo atrito psicológico que forma o homem sociável de amanhã. Isso já não existe então. Lauro diz: “Por mais que protestem os saudosistas, a família é uma entidade extinta (o que existe ainda com este nome e uma caricatura ou o resultado da inércia histórica): é preciso, urgentemente, criar novo ambiente para as crianças (comunidade). A família é neurotizante; culturalmente, pobre; economicamente, dispendiosa; psicologicamente, infantilizante.” O que pode substituí-la? O grupo. Temos então que educar estimulando a superação do egocentrismo intelectual e afetivo, para socializar o individuo. Devemos lembrar que esta socialização parte do pequeno grupo, daí as turmas ideais serem pequenas nas escolas. Nada mais solitário do que estar na multidão. Este grupo deve ser semelhante ao grupo familiar (pequenas escolas) para depois poder inserir o individuo na sociedade. A escola, portanto, é simplesmente o melhor local para permitir o agrupamento das crianças e jovens. “Não adianta pregar ‘o amor ao próximo’: é preciso criar condições em que o amor floresça. O grupo é a fonte natural do amor. O grupo deve ter uma regulamentação jurídica (como a família): as relações puramente afetivas não tem estabilidade e permanência.” Lauro de Oliveira Lima –Conflitos no Lar e na Escola

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