Não é possível que alguém em sã consciência defenda estes monstrengos, batizados de “Sistemas de Ensino”, que foram criados a titulo de ajudar os pobres professores despreparados. Segundo a visão de seus criadores, eles devem se guiar por um manual com conteúdos medíocres e pré-definidos, que substituiriam a incapacidade dos mestres em preparar uma aula digna do nome. É a teoria de “fabricar” alunos com conhecimentos homogêneos simplesmente pelo fato de oferecer essa sopa de preparo rápido, desrespeitando por completo o fato de que existem diferentes níveis mentais e esquemas de assimilação.
E fica de fora a questão: e os livros didáticos. Deveríamos usá-los, é claro, mas apresentando os mesmos em várias linhas para que nossos alunos entendam que existem pontos de vista diferentes sobre um mesmo assunto. O risco de não fazer isso é apresentar um mundo estereotipado, não dando oportunidades para o aluno “pensar”. A física pode ser analisada de vários pontos de vista. Centrada na Física Quântica, que sequer é citada nos manuais dos Sistemas de Ensino, ou em outras linhas já muito estudadas. A Escola é a ultima na linha de atualização cientifica para muitos e os manuais dos “sistemas de Ensino” são os culpados pela falta de percepção da diversidade do mundo.
Não podemos confundir estes monstrengos com PLANEJAMENTO. É óbvio que nenhum professor pode entrar em sala de aula sem um rigoroso planejamento do que vai ser trabalhado com seus alunos. É o que chamamos de SITUAÇÕES-PROBLEMA no Método Psicogenético de Lauro de Oliveira Lima. Mas os conteúdos devem ser pesquisados em varias fontes, incluindo aí a internet. Não se deve nem sequer adotar apenas um livro para toda a turma. Deveríamos, em uma turma de 30 alunos, oferecer pelo menos 5 livros diferentes para que as informações sejam cotejadas.
Os mestres devem ser treinados não para usar um ”sistema”, porque operar uma coisa como essas não é fazer Pedagogia. Um professor tem que saber DAR AULA, ou seja, fazer um planejamento, conhecer o nível de desenvolvimento intelectual de seus alunos, aplicar Dinâmica de Grupo nas atividades, etc. Estes manuais dos “sistemas de Ensino” não são novos livros, mas sim retalhos de livros antigos, reunidos em formatos esteticamente agradáveis mas sem qualquer compromisso real com o ato de ensinar. Quem os produz, acha que pode estabelecer o que a garotada vai estudar e aprender. Os verdadeiros manuais são os livros científicos, as publicações que tratam do estado da arte da ciência e é lá que se encontra a fonte onde a juventude deve beber.
Uma grande falácia é “julgar” que aula bem planejada é aquela que tem estes “sistemas “ como apoio. Essa é a situação do anti-planejamento, porque ali está “fechado” o que deverá ser feito, sem nenhum espaço para criticas ou mudanças, que toda pessoa que já entrou em sala de aula sabe que se fazem necessárias. Uma pessoa que defende estes sistemas provavelmente nunca deu aulas para crianças de 3/4/5/6/7/8/9 anos. Tem que ter um planejamento rigoroso e com variáveis de mudanças caso a atividade não corresponda ao tempo ou ao nível das crianças. Estou falando apenas de alguns níveis para não radicalizar, pois estes fatos acontecem em todos os níveis de desenvolvimento. Fazer estes “sistemas” é uma coisa que conduz a uma atitude totalmente arbitrária por parte do professor, até porque entrar em sala de aula para ensinar é uma coisa totalmente diferente e muito mais difícil do que isso que é proposto pelos tais sistemas. Outra grande mentira é dizer que só uns poucos privilegiados (provavelmente quem faz e vende estes “sistemas”) tem capacidade de criar boas aulas. Vocação é uma coisa que não mais é tratada nesse início do século XXI. Todos podem ensinar, se forem bem preparados para o magistério e se for dada a chance de criar.
Eu acho inacreditável que alguém que defende essa excrescência chamada de “sistema de ensino” possa ter o desplante de falar em “em provas que puxem pelo intelecto e não pela decoreba”. Olhem as apostilas e veja se há alguma coisa ali que tenha como base o desenvolvimento da inteligência? Só tem conteúdos cortados pela metade, para preparar os alunos para exames que eles acreditam que sejam o passaporte para o futuro. Acho que discutir este assunto é problema de SEGURANCA NACIONAL. Com gerações sendo preparadas com essa educação enlatada, o que teremos para o futuro? Como vamos enfrentar o mundo que vai se desenhando para os anos vindouros? Como vamos enfrentar os desafios AGORA! Vamos denunciar para poder mudar. Só os administradores de escolas mais desavisados e que não querem desenvolver realmente a educação, tomam como base de ensino esses “sistemas”. Divisão de trabalho não é o que esta sendo dito. Isto é uma imposição dentro do trabalho intelectual do magistério.
Quanto mais o Brasil incorporar esses “sistemas”, mais estaremos próximos do ensino catastrófico que é citado.
Os municípios que adotaram estes “sistemas” estão à frente? Do ótimo ou do péssimo? Não adianta ser melhor do que o que é muito ruim. Vamos pensar todos juntos, vamos capacitar os professores e não torná-los idiotas que seguem uma cartilha desenhada em PowerPoint. Prefiro desenhos das crianças e adolescentes.
E finalmente, os produtores de sistemas de ensino chegam ao cúmulo de comparar um PROFESSOR a um piloto de Airbus. Sem querer desmerecer o piloto, sabemos que um Airbus só faz aquilo para o qual foi programado e o piloto pode seguir as regras religiosamente. Já um grupo de adolescentes dentro de uma sala é muito mais do que isso, porque fazem combinatórias que devem ser atendidas pelos seus professores.
Crianças e adolescentes pensam, movimentam-se, tem sentimentos (afetividade), logo precisam de um professor que use todas estas vertentes em seu planejamento
O novo professor é o estimulador da aprendizagem.
Para Piaget “TUDO QUE SE ENSINA A UMA CRIANCA IMPEDE QUE ELA INVENTE OU DESCUBRA”
Um comentário:
Urge dizer que o que deve impulsionar um professor é saber lidar com a diversidade, encantar pela palavra, contribuir para o imaginativo, seus faróis devem estar permanentemente acesos para a escuta, sendo assim, resgata-se a doce fórmula do ensinar e do aprender entre alunos e professores.
Sônia Gueiros Lacerda
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