segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

'Vodca no olho' faz primeira vítima

'Vodca no olho' faz primeira vítima
Universitário imita moda iniciada no YouTube e agora terá de passar por transplante de córnea
Vi num post do Facebook, recentemente, publicado pelo Walter de Mattos Junior, um comentário sobre essa prática autodestrutiva que foi incorporada pelos jovens brasileiros. A matéria foi publicada na revista VEJA, e depois de ler o post, fui entender do que se tratava, tendo isso motivado a matéria a seguir.

O que esta acontecendo com os jovens que querem viver experiências cada vez mais radicais?
O grande problema é a confusão que as pessoas fazem entre os conhecimentos formais adquiridos pelos  jovens e seu desenvolvimento moral. A moral não se desenvolve na mesma linha. Normalmente eles ficam totalmente atrasados no desenvolvimento MORAL,  sendo que é esse o fator crucial para que o jovem tenha capacidade de julgar ações do tipo que estamos discutindo (pingar vodka nos olhos para ficar bêbados mais rapidamente). O fato de o jovem estar cursando a universidade não diz, de forma alguma, que ele atingiu o nível mais alto do desenvolvimento moral. Para que isso aconteça é necessário todo um trabalho voltado  para o conhecimento das regras, análise e construção por parte do individuo. Só chegam ao nível da moral da cooperação através do trabalho de Dinâmica de Grupo. O processo é lento e organizado, devendo o jovem aprender a trabalhar com os companheiros julgando suas ações e a dos outros.
A moral tem três grandes fases: a inicial é a Anomia, quando as crianças (de 1 ano ate 2/3 anos) não entendem que existem regras que todos devem seguir. No momento seguinte eles entram na Heteronomia, onde todas as ordens vem de fora e  eles entendem que existem as regras, mas alguém deve controlar seu cumprimento (2/3/4 ate 7/8/9 anos). Observa-se que algumas pessoas ficam paralisadas nesta fase para o resto de suas vidas. Aqui fica o perigo de não se desenvolver o período seguinte. Se o jovem tem que ter o controle de fora (família, escola/professores, chefes) fica difícil ele decidir por um ou outro. Ele estará sempre esperando que digam o que deve fazer. O que é certo e o que é errado.  Como pode um jovem nessas condições estar numa universidade, dirigir um carro, ter dinheiro, chefiar um trabalho? São situações que todos enfrentam, mas sem ter atingido um nível de moral mais elevado (autonomia) ficam sem a menor condição de atuar de forma objetiva e coerente. Na heteronomia, ele recebe as ordens de fora para dentro e as cumpre se tiver alguém determinando. Caso não haja quem ordene, há o risco de o indivíduo cair na anomia. Não podemos esquecer as pessoas que fazem coisas absurdas a titulo de estarem cumprindo ORDENS. Não notam que as ordens, se forem absurdas, devem ser discutidas e não cumpridas se infringirem as leis maiores. Só as crianças seguem as regras de olhos fechados até este período, por acharem que os adultos que as fizeram sabem tudo melhor que elas. Logo que descobrem a fragilidade dos adultos e a possibilidade de erro,  passam a querer discuti-las e ate de não cumpri-las. A moral heteronomica é “dente por dente - olho por olho”. Tudo que é feito com relação a ele deve ser retribuído na mesma moeda. Daí ter surgido a expressão  “pagar na mesma moeda”. Veja você então o perigo que correm esses jovens quando soltos em uma cidade onde é fácil chegar ate a violência. Se ele tem este comportamento de vingança não pode fazer um julgamento justo da ação. E isso acarreta problemas enormes para a própria sociedade que o criou, porque tem como retorno a possibilidade de conflito quase inevitável.
As crianças, alem de aprenderem as regras, vão evoluindo até o momento de aprederem o chamado  julgamento moral,  que é muito complexo e deve ser trabalhado para que seja incorporado a ação geral do sujeito. Os jovens que não se desenvolvem em grupo acabam formando um bando e não um grupo, agindo sempre no nível mais baixo possível.
 A  3ª. Fase é a da Moral da Cooperação, que se caracteriza pela Autonomia. O individuo  entende que pode e deve fazer as regras que devem ser seguidas por todos. Neste período está apto a participar totalmente da sociedade e compreende a constituição de seu país, por exemplo. Sabe conviver em sociedade, condomínio, escola, respeita regras do trânsito entre outras. Imagine um sujeito com a moral do dever dirigindo seu carro (ou qualquer outro veículo!). Ele, a todo momento, se pergunta qual o motivo por que deve obedecer aos sinais de transito. Pergunta: “se não vem ninguém, porque não posso passar? Ninguém esta vendo, não tem um guarda, porque não prosseguir?” Isso explica os acidentes que  ocorrem por imprudência, por exemplo, e que podem ser atribuídos em grande parte ao nível de desenvolvimento moral dos condutores. Todos podem tirar a carteira se passam nos exames simplórios feitos pelos órgãos responsáveis. Ninguém ainda atentou para o nível de desenvolvimento moral, que é o fator que transforma “seu carro em uma arma”.
As bebidas alcoólicas são vendidas com a apresentação de carteira de identidade pelo comprador, comprovando que é “maior de idade” - isso quando é pedida - mas ninguém saberia dizer se aquela pessoa realmente tem responsabilidade para estar bebendo. Esta “brincadeira” com a vodca prova que não. E vejam que mesmo os conhecimentos formais que são atribuídos a esses jovens são muito poucos, pois eles fizeram o ensino médio e já estão na Universidade, condição que permitiria avaliar o grau de imbecilidade de uma atitude como essa. Qual será a biologia que eles estudaram? E a química? Será que estudaram ou decoraram alguns nomes e formulas para passar no vestibular? Será que estas questões não chamam a atenção de nossos educadores, administradores escolares, políticos e dirigentes? Estes jovens não estão sabendo NADA. Vamos mudar o paradigma e ensinar inteligência em vez de ensinar conteúdos. Todas estas questões que aparecem na grande mídia nos fazem ver que nossa educação está lastimável, já que estes jovens devem ter estudado no ensino privado que é tido como melhor do que do que o público. Podemos então concluir que está tudo muito ruim. Estão todos preocupados com uma corrida que já esta perdida antes da largada.
Ou mudamos a forma de encarar a educação ou vamos lastimar ainda muitos acontecimentos em nossa sociedade.
Beta

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