segunda-feira, 11 de abril de 2011

A Desinvenção de Guttenberg


Esse não é “aquele” Guttenberg que a gente conhece tão bem. É outro. E curiosamente, era Ministro da Defesa da Alemanha que, para surpresa geral, foi destituído do cargo pela Primeira Ministra Angela Merkel, que tomou a sério o pedido de milhares de detentores de títulos de Doutor. Gritaram esses pelo fato de que o Guttenberg em questão escreveu uma tese de 475 páginas das quais, no mínimo, 300 foram consideradas problemáticas ... ou seja, feitas a base de plágio.
Plágio tem acontecido sistematicamente no Brasil, sim. Mas graças a internet, ficou bem mais fácil a identificação, porque uma contingente maior de pessoas do mundo acadêmico ou não, tem acesso aos textos e cotejam os mesmos com sua memória intelectual. O que soa como cópia, já passa a ser motivo de questionamentos diversos, e isso é ótimo. Já tive acesso a vários livros com textos inteiros que reproduziam as idéias de Lauro de Oliveira Lima, sem citação. Monografias e teses são feitas com idéias que não pertencem aos seus autores ... e passam como tais. Embora isso seja corriqueiro, não é aceitável. Impressionou-me foi saber da prática também na Alemanha, mas enfim ... desonestidade existe em todo lugar. A diferença é a punição.
O que devemos analisar é o conteúdo envolvendo a MORAL nessa situação. O desenvolvimento da MORAL, de que falamos todo o tempo por aqui, é importantíssimo em qualquer sociedade. A MORAL é um padrão universal e deve ter um desenvolvimento compatível com o nível mental. O curioso é perceber que pessoas chegam ao mais alto nível educacional sem terem desenvolvido a MORAL. Já falamos também aqui nos nossos textos, que o desenvolvimento da MORAL é uma atividade paralela que requer um trabalho especial para que tenha resultados. O natural é o indivíduo chegar à MORAL DO DEVER (“olho por olho, dente por dente”), onde as pessoas acham que resolveram determinado problema porque tiveram a vingança praticada. No entanto, o nível de MORAL mais elevado, o da COOPERAÇÃO, está ligado ao pensamento hipotético-dedutivo, e funciona de tal maneira que deixa a impressão, àqueles que ainda não o alcançaram, que “perdemos” porque cedemos aos outros. Quando se tem a verdadeira compreensão de como funciona, percebe-se que ali está acontecendo uma regulação, onde no final a sociedade sai vitoriosa. É o período da autonomia.
Por que e tão difícil o desenvolvimento da moral, vocês devem estar se perguntando. Por que vivemos em um Estado autoritário que diz o que todos devem fazer, inclusive dentro de suas casas. Estamos organizados na forma de famílias autoritárias, com um comando absoluto e único, onde ninguém percebe que criancinhas, com o passar do tempo, se tornam adolescentes e depois adultos e seus pais continuam achando que tem o poder e nada pode ser discutido. Uma família no inicio da criação dos filhos é uma coisa. No final, quando já estão entrando na fase adulta, virou um monstrengo de brigas e desavenças, onde todos querem medir forças. Os pais dizem “quem paga manda”, “Esta sob o meu teto” e varias outras frases conhecidas que representam a heteronomia. Eu dou a ordem e vocês obedecem, mesmo que todos estejam vendo que não é a melhor solução. A família quando se torna um grupo, interage de maneira produtiva. Todos tem tarefas, brincam, surge a liderança emergencial e em cada momento  um tem o comando, não importando se são os pais ou os filhos. O melhor para aquela tarefa é o designado pelo grupo para agir. Assim estas pessoas adultas podem viver e conviver juntas. O contrario disso é o inferno de Dante.

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