segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A Escola e a Família




Existem alguns fenômenos que só são explicáveis depois de muita pesquisa sobre coisas que são óbvias. Um deles é o fato de a família (e portanto toda a sociedade) estar mudando constantemente ao longos dos anos, e a escola permanecer congelada em suas estruturas. Como isso pode acontecer? Por que existe essa combinação? A única explicação plausível para isso é que a família deixa, a cargo da escola, o que ela chama de educar. Uma espécie de “carta-branca” para fazer o que quiser, na medida em que ninguém sabe realmente o que fazer. O problema é que, definitivamente, a Escola não está habilitada para essa tarefa, e isso está ficando mais claro a cada dia.

A escola, ao longo de seu caminho, sempre foi uma transmissora de conhecimentos e quer continuar assim, mesmo com toda a tecnologia que tirou este papel que era só dela. A família por sua vez se reestruturou de diferentes formas e já não tem aquele modelo do século XIX, onde a mãe - a “rainha do lar”  - ficava em casa, com a tarefa de resguardar os filhos e transmitir as normas básicas de educação. Hoje as mães são tão profissionais quanto os pais e estão fora de casa tanto quanto a figura masculina. E os pais hoje não estão tão presentes, visto que o número de separações de casais é cada vez maior. Em outros casos, a chamada “produção independente” assumida pelas mulheres elimina a figura paterna do contexto doméstico. Então como organizar o novo papel da Escola em tempos de mudança?

A Escola agora tem que desenvolver as crianças e adolescentes para saberem pensar e buscar o conhecimento, que esta ao alcance nos meios eletrônicos. A Escola deve levar as crianças da total “dependência” a independentização. É um novo modelo, que ainda devera ser assimilado pelas famílias, que saíram em suas estruturas formatadas nos séculos XIX ou XX, mas ainda não conseguem ver a Escola com este novo papel. A mudança é muito difícil de ser aceita, por que o que conhecemos é  mais fácil de ser aceito, mesmo sabendo que não é o melhor.

Uma escola para os novos tempos deve ser um elemento criativo, modificador da criança e de sua família. E como a família tem uma enorme dificuldade em se modificar, a resistência a novos modelos se aplica a tudo, inclusive à escola. Ou até mais a ela, porque a família tenta, de todas as formas, manter o seu equilíbrio, mesmo que precariamente. Quando o modelo de escola exige uma maior participação dos pais no processo, a desconfiança de instala, porque o sistema tradicional quase que ignora a presença dos mesmos – salvo quando as coisas desandam em caráter irremediável. A família se sente sobrecarregada e ocupada o suficiente para despejar sobre a escola todas as responsabilidades quanto ao processo educacional – cognitivo e emocional – de seus filhos, mas isso não funciona, como pode ser facilmente constatado.

A sociedade mudou e as crianças hoje estão expostas a uma grande quantidade de informações, e sendo assim, novas regras e valores devem ser estabelecidas. Os direitos que as crianças adquiriram são ainda muito confusos para as famílias. Tem exageros e negligências, tudo misturado. Abandono e superproteção     aparecem juntos e misturados, muitas vezes dentro de uma mesma família.  Normalmente a superproteção é a descrença que a família tem nas crianças e adolescentes, ficando em cima, sem deixar que eles cresçam para a sociedade. O mesmo acontece nas Escolas que acham que as crianças precisam ser vigiadas, não deixando que se formem as sociedades infantis. Logo parece haver um complô entre as famílias e Escola para não deixar que as crianças se desenvolvam.

A família deve entender que seus filhos não são suas propriedades e os adultos não devem descarregar tensões e  frustrações quando estão lidando com eles. Devem saber administrar dificuldades, ansiedades, conflitos e resistências. São fatores que ocorrem e devem ver vistos e entendidos para serem resolvidos. As crianças não estão querendo concorrer com seus pais, mas estão querendo saber quais as ordens que são estabelecidas e quais devem realmente ser obedecidas. Deixem que as crianças demonstrem seus sentimentos. Os adultos também devem  demonstra-los  para que as crianças não achem que estas pessoas são super-mulher ou super-homem. Cuidado para não confundir a criança com sentimentos antagônicos.

Chegamos então ao grande impasse. Como mudar a Escola se a família procura um modelo arcaico que ela, seus pais e avós já conhecem? A sociedade é que através, se suas  exigências, vai obrigar a esta mudança. Esperamos que seja urgente esta demanda.

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