quarta-feira, 4 de maio de 2011
Contradições Éticas e Moral – “BLOWBACK”
Um homem morre e todos fazem festa. Dizem que foi a coisa certa, já que ele personificava o Mal. E fica a pergunta: será essa uma verdade absoluta? Crianças e jovens vêem esse tipo de comportamento, e fica a pergunta: como irão fazer seus julgamentos sobre o valor da vida, daqui para frente?
Temos falado, aqui no blog, sobre Ética e Moral e gostaríamos de, mais um vez, fazer colocações que podem e devem ser pensadas por pais e professores.
Crianças formam seus padrões éticos (comportamentos) e morais pela observação do comportamento de seus pais e pelas ocorrências que testemunham em suas escolas. Aos pais, cabe compreender que os comportamentos dos jovens são desenvolvidos ao longo de seu processo de desenvolvimento, ou seja, não vêm impressos no DNA dos mesmos. Logo, ao longo desse desenvolvimento, precisam ser pensados e estimulados. Todos os nossos erros, juízos de valor e comportamentos frente às situações da vida serão assimilados com exatidão por nossas crianças. E isso nunca deve ser esquecido por cada um de nós, que tem a responsabilidade na formação das novas gerações.
À escola, cabe a proposição de discussões e trabalhos para desenvolver e consolidar as questões. Já é hora de parar de encher a escola com regras (legalismo) sem propor discussões. Durante os primeiros anos de escolaridade, as crianças são heteronômicas, ou seja, recebem ordens vindas de fora. No entanto elas crescem, e vão chegar ao ponto onde aprendem a criar suas próprias regras, que irão compartilhar com seus companheiros e colegas. Se eles não aprenderem a criar as próprias regras, não vão chegar à autonomia.
Preconceitos surgem por volta dos 4/5 nos, e não sendo trabalhados, se cristalizam, ficam duros e sem flexibilidade. Adultos preconceituosos têm esse tipo de pensamento, não conseguindo ver o ponto de vista do outro. Ter a capacidade de enxergar a realidade sob o ponto de vista do outro é o que Piaget chama de reversibilidade do pensamento.
Vejamos as religiões. Quando cada um vê apenas o seu lado, não consegue analisar o que o outro aceita ou não, impedindo a análise das diferenças. Um caso emblemático disso é a proibição de uso de véus por mulheres muçulmanas na França. Um país de tradicionalmente democrático, com forte cultura pela liberdade cria uma lei que impede as pessoas de exercerem seus hábitos culturais. E as liberdades individuais, como ficam? Por que apenas o modelo ocidental é válido? Por mais bem explicado que seja, é evidentemente um preconceito. Fica muito difícil explicar a uma criança que nasceu em uma família onde o véu sempre foi usado, e que para ela é absolutamente natural, que naquele país sua mãe não pode usar o mesmo.
Existe também a dificuldade de trabalhar os costumes dentro das famílias, pois existem contradições. Muitas vezes as regras só valem para os mais fracos. Um caso típico é a criança ser proibida de comer qualquer coisa antes do jantar, e ao mesmo tempo ver o pai ou outro familiar comendo. Ela não entenderá como essa regra pode ser quebrada ou burlada. Outro fato bastante comum que confunde qualquer um é quanto a mentira. A mãe diz que não pode mentir, mas quando a criança atende o telefone, a mãe manda dizer que não está... O que acontece na cabeça dessa criança? Certamente começa-se a desenhar a idéia de que as regras valem para uns e não para outros. Adulto pode tudo e criança não! Como é isso?
Na análise que estamos fazendo, sobre todo esse episódio do ataque à Fortaleza da Al-Qaeda que culminou com a morte de Osama Bin Laden, Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, numa comparação com a visão da criança quanto às regras, é o adulto poderoso, que pode mandar matar um semelhante, enquanto os americanos em geral e o resto do mundo tem que seguir regras e leis que proíbem matar pessoas. Obama faz um discurso dizendo que planejou e conseguiu, invadindo uma nação soberana, matar um homem. Um não, vários. Tente você fazer isso e vai ver no que dá... por melhores que sejam suas motivações! No entanto ele, o Presidente dos Estados Unidos, entra em cadeia nacional e conta tudo. Réu confesso, não vai preso em flagrante nem é indiciado!
Ora, um terrorista é um “fora-da-lei” e deve ser preso e julgado por seus crimes, mas um presidente ou qualquer outra pessoa que mande matar alguém também é “fora-da-lei”. Não podemos ter uma lei para cada um, ou para cada país e por isso existem regras gerais para que todos se comportem dentro de certa normalidade. Temos conselhos nacionais para avaliar casos gerais e ver o que cada país está fazendo. Mesmo as guerras tem tratados, convenções e legislação própria de julgamento das ações, com tribunais internacionais próprios para isso. Do ponto de vista da moral, a ação norte americana pautou-se pela MORAL DO DEVER (olho por olho, dente por dente) e uma atitude como essa não pode ser respeitada como soberana por outros países. Foi uma atitude infantil de quem acha que tudo pode e que deve ser apoiada por todos os outros países, o que não é uma verdade.
O mesmo presidente disse que “o mundo ficou melhor”. Melhor como! Melhor para ele, que tinha uma questão direta com o objeto de sua ação. O mundo “dele” ficou melhor. Como pode ter o mundo melhorado se todas as regras e leis foram desrespeitadas? Não... O mundo ficou mais caótico. Como é que vamos dizer às crianças e aos jovens, nossos alunos e filhos, que isso não se faz?
Nesse exato momento em que escrevo, vou lendo na imprensa digital que o governo norte americano, através do diretor da CIA, Leon Panetta, admitiu que sua equipe usou a polêmica técnica de afogamento simulado (waterboarding, na sigla em inglês) em detidos em prisões secretas para obter informações que levassem os Estados Unidos a localizar Bin Laden. São as chamadas técnicas de interrogatório coercitivas, um eufemismo para tortura mesmo. Já uma filha adolescente de Bin Laden, de 12 anos assegurou, em interrogatório a oficiais paquistaneses, que seu pai foi captura vivo pelas forças americanas nos primeiros minutos da operação e foi executado na frente de familiares. Isso contradiz a versão oficial americana que diz que Bin Laden foi morto nos minutos finais da operação em um quarto do andar superior da fortaleza, onde estava apenas uma de suas mulheres. Segundo as autoridades, ele reagiu e morreu com um tiro no rosto.
Um fato histórico importante e que deve ser lembrado é que até os nazistas, no fim da 2ª. Guerra Mundial, que promoveram o Holocausto matando 6 milhões de judeus, tiveram um tribunal específico para julgá-los. Foi uma ação de justiça para punir aqueles que promoveram um ato de vergonha para a humanidade. E frente a isso, fica a pergunta: esses terroristas são cidadãos de segunda categoria? Deixaram de ter direitos? São animais? E é preciso lembrar que os animais, hoje, tem seus direitos assegurados por lei e por consciência coletiva.
E preciso que o mundo faça, como já está fazendo, um alerta aos americanos do norte: os USA não são os detentores do direito de escrever as leis universais, e o mundo não é unânime em concordar com seus métodos. Agentes da própria CIA escreveram recentemente sobre o que é feito nos bastidores do poder, naquele país. É um assunto que precisa ser lido para discussão.
É fato que a sociedade norte americana tem uma auto-crítica forte, como se pode ver por filmes que fazem a leitura de seus atos, mas também é fato que só isso não resolve o problema, tendo em conta que os erros são recorrentes. Veja o histórico de ações militares que não respeitaram um mínimo de humanidade da parte deles, como as bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki, durante a Segunda Guerra, o uso de Napalm no Vietnã, usado contra a população civil, as intervenções no Panamá, na Nicarágua e no Iraque. Enfim, um vasto conjunto que mostra a forte tendência de estabelecer os USA
Acho interessante que vocês vejam o vídeo destes ex-agentes da CIA colocando os problemas internos e leiam os livros deles.
Beta
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