sábado, 14 de maio de 2011

Educação Digital ou impressão digital...

(veja a matéria do Jornal Nacional, que fala sobre a evasão no ensino médio clicando aqui Jornal Nacional (11 de março 2011)
É mais do que evidente que estamos na Era Digital, mas o curioso é que nossas escolas estão na Idade da Pedra Lascada ainda. Professores continuam DANDO AULA!!! Cuspe e giz. E ainda não ficou claro que os alunos não estão interessados nisso?  Que é preciso utilizar novas metodologias para despertar o interesse pela escola? O índice de abandono no Ensino Médio dá bem a proporção que as coisas tomaram. Curiosamente, em todas as atividades humanas nos dias de hoje os clientes são os primeiros consultados ... menos na Educação. Continuamos a impingir às novas gerações coisas que nenhuma empresa no mundo teria a desfaçatez de fazer, porque certamente quebraria em menos de um ano, por mais poderosa que fosse.
E aí vou lendo o que está sendo proposto para trabalhar o digital nas escolas, e não entendo como é que se quer chegar a algum lugar com esse tipo de pensamento. Curiosamente, crianças e adolescente já estão todos em REDE, usando os mais diferentes gadgets para se conectar, conversar, comprar, vender, trocar, etc. Os professores, por outro lado (pesquisa recente) não sabem nem usar, rudimentarmente, o desktop (pasme, isso mesmo, aquele monstrengo que ocupava nossas mesas e inundava nosso espaço de fios!). Num mundo de Ipad, Ipod, MP15, celular com TV Digital, GPS, acesso 3G, WiFi e todo tipo de recurso portátil – para não falar de notebooks e netbooks – ainda tem professor que acha que informática é coisa fora do contexto de sua atividade.
E o que está sendo proposto? O Ministério da Educação insiste em dar computadores aos alunos e professores, criando um padrão de uso a partir de um programa intitulado “Aulas Digitais”. Ora, sem a formação dos docentes, não haverá quem utilize esses equipamentos no trabalho com crianças e adolescentes. Se não há uma metodologia de ponta, para que dispor de equipamentos digitais? O que será feito com esse monte de chips? Primeiro temos que mudar a metodologia de ensino, para depois introduzir a tecnologia em sala de aula. No mundo empresarial, segundo um amigo meu, ter um processo administrativo ruim é um caos, mas informatizar um processo administrativo ruim é ter “um caos à velocidade da luz”. Ou seja, o que era ruim, mas demorava para acontecer, torna-se ruim em fração de segundos. Uma venda mal feita, que podia ser corrigida ao longo do processo, passa a ser uma venda mal feita a cada minuto. O resultado disso é que a empresa quebra muito mais rápidamente quando informatiza processos arcaicos. No caso da Educação, não será diferente. A inutilidade de colocar operadores ineptos para conduzir aulas com equipamentos tecnologicamente avançados continuará sendo o desastre que se apresenta nos vários contextos em que isso acontece.
A necessidade de aplicação de tecnologia não pode ser negada, mas não podemos, ingenuamente, achar que ela, sozinha, é a solução para o nosso tão atrasado sistema educacional. Nosso problema mais grave continua sendo a formação do professor.
Instrumentalizar a escola com equipamentos digitais é caro. Eles precisam ser atualizados com freqüência, até porque são fabricados com a chamada “obsolescência programada”. Quando você acha que está no topo da cadeia, em pouco tempo já caiu. De “high end” para “low end” é um pulo. No entanto, o professor não passa quase nunca por atualizações e permanece como gestor do processo, e ninguém se toca que isso não dá resultado.
Por que será que não se treinam os professores?  Imagino que por medo... Se houvesse uma política de mobilização dessa magnitude, seriam feitas mudanças tão radicais que os políticos, penso eu, ficam com medo de testar essa hipótese. Ninguém quer mudar tanto, até porque seria preciso uma alta capacidade de adaptação, de competência inovadora e de coragem. Mas o resultado seria outro, muito melhor do que os apresentados até então.
Computadores encantam a todos, mas não fazem uma revolução metodológica. Revolucionar seria dizer: não ensine nada, porque os conteúdos que você vai passar estarão armazenados nos sistemas de dados e muitos, em pouco tempo, estarão obsoletos. Uma verdadeira arrancada metodológica  tem que ser feita com a utilização de Dinâmica de Grupo, para desenvolver o que realmente importa, que é a inteligência e a criatividade das crianças para que elas possam mudar o mundo a partir das informações e equipamentos que terá a disposição. Não podemos querer ainda que a cabeça de uma criança faça a mesma função de um HD de 1 terabyte. Não é para isso que dispomos de tantos recursos mentais.  Vamos usar esse enorme potencial do cérebro para que as crianças possam ser criadoras de idéias.

Um comentário:

Anônimo disse...

Beta,
parabéns pela discussão!

um computador por criança é, sim, um grande avanço!

onde ficam os mestres nessa correnteza veloz é uma grande interrogação...

é como um barco q as crianças fossem os pilotos e os professores desavisados passageiros!

obrigado por tudo
sorte sempre!
Paz e Bem!
creso, V e galerinha