CAUSALIDADE
explicação casual perturbação
real ciências sociais
inovação inferência
matemática
objeto axiomatizar
"projeção" limite matemático
idealismo nível de desenvolvimento
teoria falsa realidade
estruturas-mãe Bourbaki
desenvolvimento da criança
cristalização
É a "interação entre objetos" (um dos objetos podendo ser o próprio sujeito). A "causalidade introduz-se pela atribuição de operações lógicas nos objetos" (Piaget). Apostel acredita que "as operações lógicas que o sujeito que conhece atribui aos objetos materiais conhecidos já devem lá encontrar-se como realidade objetiva e exterior (doutra forma seria idealismo)". Mas Piaget, apesar do perigo de parecer idealista, afirma que há uma espécie de "projeção": se o sujeito não possuísse estas operações, não compreenderia o objeto. Mais: o objeto "deixa-se fazer ou não, conforme o sujeito tenha ou não operações adequadas" (em cada nível de desenvolvimento, a causalidade apresenta-se à criança de maneira diferente: animismo, nominalismo, artificialismo, finalismo, etc.). Daí as teorias falsas sobre a realidade. Há algo de comum (operações) entre o sujeito e o objeto, pois, afinal o sujeito é um objeto físico-químico. A harmonia do sujeito com o real provém do fato de o sujeito ser um dos objetos da realidade: é por isto que a Matemática (invenção pura da mente humana) aplica-se ao real. Para Piaget, não há contradição entre esta "projeção" e o fato de a causalidade ser realidade objetiva exterior (as forças de atração e de repulsão, por exemplo, equilibram-se objetivamente). A construção de cristais, por exemplo, é prova de uma operatividade que independe do sujeito (causalidade). A causalidade é a operatividade das interações entre os elementos da realidade. Mas a compreensão desta operatividade depende do nível do desenvolvimento do sujeito. A interpretação que o sujeito dá à causalidade revela seu nível mental (as "leis" já estão nas interações dos objetos antes de o sujeito descobrí-las mas a descoberta depende do nível mental do sujeito).
Quando se fala de explicação causal, quase sempre nos vem ao espírito certa imagem que é a explicação causal em Física, imagem que me parece falsa, mas que caracteriza a Física do século XIX. A Física não é axiomatizável em seu conjunto e não há teoria física aplicável a todos os domínios: existem apenas teorias físicas aplicáveis em certos domínios e a determinada escala de fenômenos. Fico impressionado com o fato de certos fenômenos físicos aproximarem-se mais do que se poderia supor dos processos de equilibração, desequilibração, interações... Supunha-se, há alguns anos, que as ciências sociais evoluiriam para um modelo explicativo do tipo usado em certas partes da Física. Foi o contrário que aconteceu: a Física aproximou-se mais e mais dos fenômenos estudados pela Epistemologia e pela Psicologia genética..." (R. Garcia, co-autor da útlima obra de Piaget,Psicogênese e a História das Ciências, cap. Mecanismos Comuns).
"Tudo que na realidade torna-se compreensível, torna-se compreensível graças às inferências operatórias do sujeito. Estou convencido de que, sejam quais forem os contatos com o real (que os empiristas qualificam de simples observação), são sempre produtos de mecanismos inferenciais muito complexos e de que há uma multidão indefinida de inferências implícitas em toda e qualquer afirmação que, vista de fora, dá a impressão de simples constatação: o que é causal é compreendido através de inferências do sujeito (o que não quer dizer que os mecanismos inferenciais limitem-se a isto)." - Piaget.
"No domínio da causalidade, há mais contradicões possíveis que no domínio das operações internas lógico-matemáticas, porque as operações são fabricadas pelo indivíduo, enquanto a causalidade é o mundo dos fenômenos e dos objetos. A meu ver, explicar (causalidade) implica sempre, atribuir aos objetos, ações ou operações análogas às nossas (transmissões, reunião, deslocamento). A Microfísica, por exemplo, utiliza operadores que são calcados sobre os operadores-algébricos (os objetos comportam-se, racionalmente: eis a convicção geral da ciência ocidental). O objeto é um limite no sentido matemático. O agente aproxima-se, contínua e lentamente, da objetividade: Não se alcança jamais o objeto... O objeto existe, mas suas propriedades só são conhecidas por aproximações sucessivas." (Piaget).
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