Piaget, grande
epistemólogo suíço (estudioso do conhecimento) sempre disse que gênios não
existem. Esses jovens tem o mesmo desenvolvimento de milhares de outros, mas
foram treinados para apresentar resultados. Fica a pergunta: o que queremos
realmente do desenvolvimento humano? Como é a vida desses jovens? É a vida que
consideramos integral ou apenas o resultado da aplicação do lema “pratique,
pratique, pratique”. O resultado final é o de um treinamento massacrante e não
um desenvolvimento completo. Os problemas a que são expostos não trazem
criatividade, mas apenas memória.
Os grandes campeões
dessas maratonas têm sido os orientais, mestres nos treinamentos, que trabalham
com reforço da disciplina, manutenção do foco, repetição que leve à “perfeição”
na hora de executar um modelo de trabalho.
Mas será que expostos a tudo isso, esses jovens se tornam capazes de resolver
problemas da vida diária? É um teste decisivo verificar como se comportam em
sociedade, saem em busca de experiências, se tem amigos. Não sei como vivem,
mas posso supor que vivem em função de apresentar resultados esperados por quem
os treina.
Importante levar em
consideração, quando analisamos a situação como um todo, é que a matemática e a
vida não são “fórmulas” ou “problemas fechados”, e isso é uma verdade cada vez
mais reconhecida, num mundo em transformação. Houve um tempo em que o contexto
permitia excelência na repetição de um problema, de tal forma que experiência
era o resultado de vinte anos de repetição. Mas numa sociedade que acorda de
manhã e já não tem certeza de que o que valia ontem a noite ainda é válido...
sem criatividade, flexibilidade, capacidade de adaptação fica muito difícil de
tocar adiante. Classificar, seriar e ordenar são fundamentos da matemática que
vão refletir na vida das crianças e jovens. Como será que esses meninos entendem
Ética e Moral? Isso seria muito interessante de investigar, porque teríamos uma
dimensão do desenvolvimento global desses jovens Não existem gênios “compartimentalizados”,
e acredito que TODAS as crianças podem ser rotuladas como “gênios”.
No caso da mídia, fica
a necessidade de criar um fato “especial” numa matéria, quando pegam um desses
meninos e pedem demonstrações de habilidade matemática. Acho que se sentem
confortáveis, mostrando uma educação antiga, onde saber coisas era mais
importante do que saber utilizar os conhecimentos aprendidos. Temos que ensinar
os meninos a aprender, sempre. Ensinar a viver em sociedade. E até deixar claro
que ter um conhecimento grande sobre alguma coisa e não compartilhar com os
outros é totalmente irrelevante do ponto de vista do desenvolvimento do mundo
em que vivemos. Se todo esse esforço é feito somente para ganhar uma medalha,
fica a pergunta: e daí?
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