sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Construção da Moral Parte I - A Teoria

1) A Teoria

A construção da moral – Regras / Valores / Símbolos / Mitos e Formação das ordens e regras

O desenvolvimento das crianças vai da ANOMIA (sem regra) pela HETERONOMIA (regras de fora) para a AUTONOMIA (regras construídas).
O papel da escola, então, é promover a liberdade e a autonomia. Mas como vai ocorrer se nas escolas normalmente, não é experimentada a democracia? Como então, os jovens podem aprender a criar regras?
“Que direito tem o adulto de determinar, por antecedência o comportamento futuro das novas gerações?” (Lauro de Oliveira Lima). Sugiro uma orientação geral para os pais compreenderem a criação das regras e alguns mitos que são comuns na sociedade. Vamos introduzir gradativamente os Mitos, como dar ordens e como compreender o pensamento moral das crianças.
Toda criança, desde muito cedo, precisa de pais coerentes e consistentes, principalmente, quando começa a ser disciplinado, ouvindo o “não” e recebendo limites. As regras devem ser claras e objetivas: agir de acordo com o que se ensina.
Educar não é superproteger, e sim ajudar a vencer frustrações, pois é importante para o crescimento dos indivíduos. Crianças criadas na “barra da saia” e sem oportunidades de resolver seus próprios problemas não desenvolvem uma boa auto-imagem.
Para o bom desenvolvimento das crianças é necessário que os limites sejam claros e firmes, caso contrário, ela fica INSEGURA (física e emocionalmente).
Pai, mãe ou outro responsável devem sempre entrar em acordo para não tirar a autoridade sobre os limites impostos pelo outro. Deve haver uma coerência lógica sobre o que deve ser obedecido. Cuidado para não criar limites gratuitos!
Educar é comunicar. Os pais precisam saber que o filho não é, totalmente, produto do que eles dizem ou fazem. Existe uma interação com o meio.
Educar é um processo dinâmico e criativo que modifica as crianças e os pais em todos os momentos da construção da moral.
As crianças aos 3/4/5/6/7 anos – querem saber o que os adultos querem. Acham que os adultos determinam as leis do mundo. A causalidade está ligada as suas vontades. As crianças aceitam as regras da autoridade e as idéias dos adultos são importantes para elas. MORAL DA SUBMISSÃO. Mal é tudo que infringe a regra.
Os pais que discutem na frente dos filhos e não cumprem ordens, dificilmente serão obedecidos.
Nunca ameace seu filho com a perda do afeto. Dizer a um filho que não vai mais gostar mais dele é, absolutamente, insuportável. Tudo que o filho mais quer é ser amado pelos pais e tudo que faz é para merecer este amor.
Os pais podem criar uma tabela com dez regras básicas para serem seguidas, em casa, isto trará organização e consciência para a criança de que o mundo já tem uma organização prévia que ela poderá seguir, não acontecendo a toda hora regras diferentes que podem causar conflitos. As crianças “agradecerão” o benefício que a organização trará aos seus desenvolvimentos intelectual e emocional.
“Compreender o desenvolvimento moral da crianças é então, compreender seu desenvolvimento lógico”. (Piaget, 1928).
Devemos salientar aos pais que a descentração das crianças (ver o ponto de vista do outro) influenciará o progresso cognitivo do sujeito.
Aos 10/11/12 anos aparece a noção igualitária da justiça que se impõe até prevalecer sobre a autoridade adulta. Neste período os adultos devem promover discussões sobre as regras para que os jovens aprendam a fazer e obedecer. Está nascendo a autonomia. MORAL DA COOPERAÇÃO OU AUTONOMIA.
Importância crescente das idéias de reciprocidade e de igualdade entre as crianças de 7 a 12 anos. Os adultos devem ficar atentos as sanções que podem ser:

SANÇÕES EXPIATÓRIAS - arbitrária (castigo corporal).
- coação com as regras de autoridade
- proporcionalidade entre sofrimento imposto e a gravidade
da falta cometida.

SANÇÕES DE RECIPROCIDADE: - motivadas. O elo de solidariedade foi rompido.

PUNIÇÃO: para os pequenos quando alguém foi maldoso tem que ser punido. Para os grandes tem que punir porque fez errado e só assim não repetira a falta. O castigo deve ser proporcional ao erro cometido.

Isto é a reversibilidade que só se inicia por volta dos 7/8 anos, por isso é tão importante saber como a criança está pensando sobre as regras que ela recebe. É importante então, trabalhar para que este sujeito saia do respeito unilateral para chegar a reciprocidade, condição necessária à construção da cooperação.
Pensando como Piaget, devemos nos perguntar, será que os adultos favorecem o desenvolvimento moral das crianças? Muitas vezes atrapalham e dificultam sua construção.
Vamos então ver os mitos em que os pais acreditam quanto estão criando seus filhos.

Próximos Tópicos:
2) Mitos
3) Principais Conflitos
4) Ordens - Comunicação
5) Como dar ordens

Um comentário:

Andrea Garcez disse...

Beta,
Você pode dar exemplos de sanções expiatórias e de reciprocidade?
Qual a diferença entre sanção expiatória e punição?
Obrigada!
Adorei o artigo!
Beijos,
Andrea