domingo, 2 de janeiro de 2011

Carta Aberta a Presidente Dilma Roussef sobre Educação


Caríssima Presidente Dilma,

                Ouvi com muito interesse os primeiros pronunciamentos da Senhora e notei a mudança em sua fala quanto a Educação. Espero me sentir assim como quem acordou de um sono agitado com sonhos ruins, porque estamos muito fracos na educação e isso esta sendo dito e repetido por todos, mas sem providências objetivas. Como sou educadora fico querendo colaborar de alguma forma para que nosso país não fique fora do padrão de desenvolvimento do mundo mais desenvolvido.

Toda a discussão devera girar em torno da capacitação dos professores, estes sofredores que vem se arrastando dentro do sistema educacional sem socorro de quem governa. Eles são os formadores das novas gerações e se não estiverem preparados dentro daquilo que hoje se sabe ser a base de seu ofício, vamos naufragar. Falo muito de uma mudança de paradigma, de uma nova forma de fazer a Educação. Não podemos mais pensar em conteúdos, porque eles não são mais importantes como pareciam ate o século passado. Estão agora armazenados em grandes servidores digitais,  ao alcance das crianças e adolescentes que podem acessar tudo com muita facilidade. Então,  o que sobra? Desenvolver a inteligência, que nada mais é do que ensinar as crianças a aprender.

Precisamos fazer o Ministro da Educação compreender esta idéia central,  a base da mudança. Não adianta correr desesperadamente atrás do modelo adotado pelas potências desenvolvidas, que já alcançaram o desenvolvimento desejado. Temos que inovar, ter um novo modelo porque só assim cortaremos caminho para atingir o desenvolvimento que temos em mente.

Acho que deveria ser proposto um grande debate sobre Educação, discutindo onde deveriam estar os investimentos que temos a disposição. E o que temos disponível é muito! Nunca houve tanto dinheirio para essa área. Pensar que 25% do orçamento de um município é destinado à Educação era coisa impensável, mas hoje é uma verdade. Verdade incomoda para muitos administradores, que ainda tacanhos em sua percepção de valor, gostariam muito de usar essa verba para outros fins, que certamente não nos levariam a lugar nenhum. Mas mesmo com todo esse dinheiro, ainda caminhamos claudicantes, quando deveríamos estar correndo desabaladamente para atingirmos a posição que merecemos no cenário mundial. O que pode ser feito? Muita coisa, minha cara Presidente. Por exemplo, treinamento de professores é relativamente barato, mas é preciso que eles sejam treinados para atingir o padrão adequado, e não apenas para cumprir tabela. Material pedagógico é sim, muito caro, mas não deveria ser o foco no momento, porque não estamos precisando de escolas cheias de computadores com professores praticamente analfabetos funcionais em informática. O programa do Ministério da Educação deveria se voltar radicalmente para o Ensino Básico. Só teremos ensino médio e superior passando pelo básico.

Por conta disso que narrei acima, Presidente, gostaria de propor 10 coisas que deveriam ser foco em seu plano de governo, amparando aquilo que é fundamental para nosso futuro. São elas:

1) Realizar um Programa de Alfabetização envolvendo toda a sociedade , principalmente as empresas;
2) Capacitação de professores partindo  de Brasília e formando multiplicadores para todo o Brasil;
3) Formular um Programa Básico para o ensino fundamental para todo o Brasil, propondo um currículo mínimo para ser cumprido em tempo determinado (2 anos);
4) Fazer equipes de educadores para andarem pelo pais promovendo a integração e regulação do trabalho desenvolvido;
5) Trabalhar em todas as comunidades o material didático a ser aplicado;
6) Integrar todos os sistemas educacionais do pais em um só sistema;
7) Programar metas a serem alcançadas a cada bimestre avaliando e comparando;
8) Avaliação entre as escolas a cada semestre fazendo uma rede;
9) Direção nas escolas em modo Colegiado, para não correr o risco de centrar todo o trabalho apenas em uma vertente;
10) Separar nas escolas, com total clareza, o ensino Básico – Fundamental e o Ensino médio, criando para isso duas Diretorias dentro do estabelecimento.

Estas são alguma sugestões para serem discutidas, se quisermos um Plano Geral de Educação realmente eficaz.

Presidente, acredito firmemente que é  muito importante pensar o Brasil como um todo, com um mesmo modelo educacional nacional. Os brasileiros de todas as regiões de nosso imenso país tem o direito de almejar a mesma capacidade intelectual. Não sendo dessa forma, discriminamos e inviabilizamos milhões, o que não se alinha com sua visão democrática.

Desde já, desejamos um bom governo e que a Senhora tenha sempre em mente que sem Educação, não haverá país de que se orgulhar no futuro. Futuro esse cada vez mais próximo.

Beta

Um comentário:

Abelha disse...

Carta excelente Beta!
Temos que nos fazer ouvir.
Depois de Piaget e Lauro, não se pode mais pensar em mudança política sem educação!