sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

UMA “PISA” NO BRASIL

Tomamos uma PISA

“Pisa”,  em “linguagem” cearense, equivale aos pais baterem em seus filhos. Dar uma “pisa” significa dar um corretivo, colocar o “minino” no seu lugar. E foi exatamente o que o exame PISA fez com o Brasil, que acabou ficando no 53º. lugar, entre os 64 países avaliados.
Não vamos aqui discutir o que não é discutível. Estamos mal, e já sabíamos. Não vamos atingir as metas projetadas nem que continuemos subindo  e nem de acordo com o que disse o nosso Ministro da Educação, que considerou que fizemos bastante nesta década. A coisa mais grave é que ninguém pensa com criatividade para superar esta marca de atraso que nos acompanha desde sempre. Temos ainda analfabetismo, o que já é bem grave e milhares de brasileirinhos dizem que a matemática “não entra” em suas cabeças. O que fazer? Todos acham que tornar o ensino mais eficiente é  fazer os jovens decorarem os conteúdos específicos para cada série! Isso não adianta. Mesmo que  por um milagre destes que o Brasil costuma fabricar, nós não conseguiremos chegar aos índices estipulados pelos padrões  internacionais. Se  ainda assim chegarmos, estaremos mal. Por quê? Simplesmente porque esses índices medem conteúdos adquiridos e não desenvolvimento da inteligência. Temos que centrar no desenvolvimento cognitivo de nosso povo. Quando um estudante diz que a matemática não entra na sua cabeça, ele não tem a menor noção de que está afirmando que não sabe pensar, vez que a matemática não é um conteúdo: é o próprio pensamento. Nada do que pensamos está fora da matemática. Estamos sempre fazendo uma atividade matemática no nosso dia a dia. Ou classificamos, ou seriamos, ou ordenamos. Toda hipótese que levantamos é matemática etoda a gramática também é matemática.
Temos que analisar porque os alunos, sabendo ler, não sabem interpretar um texto? Isso acontece porque  não tem lógica no pensamento, fazendo apenas uma leitura dos fonemas. É uma leitura totalmente funcional. Uma pergunta recorrente é qual a razão de numero de jornais, revistas e livros não crescerem as tiragens em nosso pais? Por que ninguém lê. A leitura deveria ser a base de todas as escolas e atividades. Mas os professores agem como se a imprensa ainda não tivesse sido inventada. Não se discute nunca metodologia, só estatísticas. O nível de nosso alunado não será aumentado com as estatísticas, mas elas são úteis para dar a dimensão do baixo nível. Temos que formar os professores, mas como fazer isso sem qualquer  incentivo na carreira? Na sua grande maioria, só os que não tiveram oportunidade em outras áreas acorrem a esta profissão tão desmoralizada e bastante sacrificada. Os melhores vão para áreas mais conceituadas e melhor remuneradas. Os professores tem coragem de colocar um plástico em seus carros dizendo “hei de vencer mesmo sendo professor”! A grande questão que se coloca é como melhorar a qualificação, a autoestima e a percepção de valor de nossa sociedade para uma atividade profissional tão importante e estratégica para o crescimento de nossa nação. Tem alguém pensando nisso seriamente?
Não haverá escola ou sistema escolar realmente dignos de avaliação em alto nível enquanto não cuidarmos cuidadosamente da melhoria das condições dos professores. Numa analogia simples, como pode um restaurante ser  conhecido pela sua boa comida se os cozinheiros forem medíocres? A Educação está dentro de nossos alunos, mas só aparece quando as provas são feitas. No entanto, deveria ser avaliada todo dia. Cada professor só deveria sair da sala de aula depois que fosse feita uma avaliação da atividade que ele exerceu, para que ele tenha claramente preocupação com o que aconteceu ali, naquele momento mágico. Fica fácil dizer que “eu dei a aula, os alunos é que não quiseram aprender”. Fácil, mas com alto custo para todos os envolvidos, e mais alto ainda para os alunos. Punir e reprovar alunos porque “não quiseram aprender” é a maneira usual de se tocar para adiante. Na realidade, qual a punição do professor por não conseguir exercer sua função? Professor é para ensinar; quando não ensina, o que deveria que ser feito?
Nosso Ministro da Educação, Fernando Haddad, está satisfeito com o progresso destes 10 anos. Nós brasileiros, não. Não, porque nosso ensino é dos piores do mundo. No ranking entre 65 países somos 57ª em matemática e 53ª em leitura. E em ciências, 53a.. Como podemos produzir tecnologia? Como podemos incentivar a Inovação, discurso disseminado entre agências de fomento, ong´s, entidades e empresas diversas? Mesmo tendo algumas escolas como “um pouco melhores”,  as escolas públicas, que representam realmente nosso sistema, são péssimas. Não podemos, volto a dizer, manter um sistema ortodoxo de ensino se pretendemos chegar ao patamar onde os países desenvolvidos já estão. Precisamos de uma mudança de paradigma, ate porque não vamos ter a verba que era esperada do PIB. A nova presidente Dilma já disse que não vai ter. O MEC vai ter que lidar com o que já tinha e só em 2020 teremos mudanças de 5% para 7%. É aí que a  gente pode notar a importância que é dada a educação no nosso pais. Temos todas as estatísticas mostrando uma situação caótica, mas ninguém acha a fórmula mágica para fazer as mudanças que devem e precisam ser radicais. Será que ninguém entende que sem educação NÃO HÁ DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
Educar o povo é a tarefa mais socialista que existe. Povo educado faz democracia e faz dinheiro. Senhora Presidente, pare de pensar tanto na economia e pense mais na educação. Só assim teremos uma grande nação respeitada pelo nossos parceiros.

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