Peixes então, coitados, são apenas “peixes”! Que eles estão sem referência de mundo é uma realidade, e isso não é bom. Nada bom. E estamos aqui falando das coisas mais simples, de fácil identificação. Quando observamos o uso dos verbos, advérbios, etc., aí sim, é uma pobreza total. Ficam sem poder interpretar um texto, quando leem, e o pior, chegam as Universidades por caminhos outros como apenas replicar conhecimentos decorados e sem qualquer relação com o desenvolvimento da inteligência.
Um elemento importante para esse desenvolvimento está na conversa entre pais e filhos, programas que estejam assistindo e coisas assim. Quando você vê uma criança repetindo frases feitas, que não tem qualquer significado maior para elas, é mal sinal, até porque usam mesmo sem contexto. Pode parecer engraçadinho em algum momento, mas a continuidade do processo leva a uma dificuldade enorme futuramente, na comunicação mais elementar. E isso vale para os relacionamentos, para o trabalho, nas amizades, enfim.
Outro dia observei meu neto saindo do restaurante ele tem 3 anos e disse ao garçom “Até breve”. Fiquei atenta para descobrir onde ele tinha ouvido e aprendido a expressão. Não tive surpresa: vinha de um desenho que ele costuma assistir no iPad. Empregou corretamente, mas não sabe o que significa até por que não tem ainda esta temporalidade. Este é o problema. As pessoas acreditam nesta fala “aprendida” (psitacismo = fala de papagaio). Temos que perguntar: o que quis dizer? É uma Tomada de consciência para saber se o vocabulário é realmente da criança.
Até o período simbólico/Intuitivo 3/4/5/6 anos devemos explorar uma quantidade enorme de verbos (ações) e substantivos (coisas) para ampliar bastante o universo infantil. Contar as histórias é muito importante e conversar com a criança sem adaptar o vocabulário. As crianças devem ouvir a linguagem natural da família. Não adianta as crianças falarem línguas estrangeiras com um vocabulário pobre em sua língua materna. Está na moda ensinar as línguas estrangeiras e ter uma criança com um pobre vocabulário em todas elas.
Veja outro exemplo: as cores. As crianças sabem as primárias e, às vezes, as secundárias até 4/5 anos. Deveriam já saber as terciarias e um espectro bem maior. Normalmente não se referem as cores com desenvoltura.
O fato é que as crianças e jovens falam muito mal e tem um pequeno vocabulário. Vamos trabalhar a leitura com estas crianças e contar histórias.
Nota: conversando com um amigo do meio empresarial, fui informada que uma das coisas mais importantes hoje, na contratação, é saber se o entrevistado na seleção fala e escreve bem o português. Isso surgiu naturalmente do fato de termos profissionais competentes em áreas técnicas que não conseguem se expressar minimamente bem. E isso faz toda a diferença.
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