domingo, 11 de julho de 2010

DINAMICA DE GRUPO – UMA PROPOSTA PIAGETIANA

Em 1972, fui à cidade do México a convite da UNESCO para apresentar o método de Dinâmica de Grupo criado pelo Prof. Lauro de Oliveira Lima. Mas o que significa este método? Vou escrever um pouco a respeito, resumindo seu livro, para que os professores possam se utilizar em sala de aula, quando acharem conveniente assim proceder.

A Dinâmica de Grupo é uma forma nova de trabalhar, onde o professor não é o agente da aprendizagem. Ele propõe as tarefas (Situações Problemas) para que os alunos desenvolvam as mesmas através de técnicas didáticas. O professor deve ser muito competente para conseguir manter o interesse de seus alunos sobre os temas estabelecidos em seu planejamento. Em dinâmica de grupo, quem fala são os alunos e não o professor. Ele é um grande observador, que tem que saber exatamente o que os alunos estão realizando e o que estão aprendendo para saber propor a tarefa seguinte. O professor não será nunca parte do grupo. Os adolescentes sabem perfeitamente diferenciar, por mais empatia que ele tenha com o grupo, por isso ele deve estimular o grupo a trabalhar e, no final, propor uma auto-avaliação do grupo, inclusive avaliando até o próprio professor. O professor tem que conhecer muito bem seus alunos já que o grupo defende rigorosamente sua intimidade, pois sabem que o professore e um “inimigo” em potencial.

As carteiras devem ser individuais e deslocáveis para que possam ser feitas as várias formações necessárias ao desenvolvimento das técnicas de dinâmica. Devemos poder dispor todos em circulo, para que os adolescentes fiquem face a face. Todas as equipes (grupos) devem ter acesso ao quadro verde onde vão esquematizando o trabalho. Uma cartolina pode substituir o quadro. Todos os grupos devem ter acesso às enciclopédias, computadores e livros em geral. Não se pode trabalhar só com opiniões pessoais ou com meras reflexões. O grupo deve determinar um dos membros para ser o relator, mas todos devem tomar notas do que está sendo discutido. A tarefa deve estar sempre presente para que, a todo momento, o grupo possa ler e saber o que se pede. O professor deve dar as instruções por escrito aos grupos. O professor não deve economizar tempo com as regras de trabalho. Deve ser trabalhado o conhecimento de todos com todos para evitar a rejeição de qualquer um pelo grupo como um todo. Cada grupo deve escolher uma liderança que deve ser emergencial, isto é, para cada tarefa um membro do grupo deve ser escolhido e após acabar a tarefa volta ao nível do grupo. Devem estas lideranças ser reunidas pelo professor para receber as normas a serem seguidas. Deve ficar estabelecido que todas as regras precisam ser respeitadas por todos, como num jogo. Todos os membros do grupo têm que ter “papéis”, que devem ser discutidos por todos e obedecido em todas as tarefas. No grupo não pode haver hierarquia: todos são iguais e todas as opiniões tem o mesmo valor. Deve haver muito cuidado para que o líder não se transforme em um chefe ou monitor ou até mesmo em um inspetor. As decisões do grupo devem ser em forma de conselho, nunca arbitrariamente, pois o grande objetivo é chegar a autonomia.

Diz o professor Lauro de Oliveira Lima: “Acima de qualquer decisão do grupo, algumas regras devem ser consideradas tabu e transformadas em cartazes que serão colocados a vista de todos. São as regras que decorrem do conceito de reciprocidade, reversibilidade e objetividade.”

Para melhor trabalhar com Dinâmica de Grupo, recomendo a leitura do livro “Dinâmicas de Grupo: na Empresa, no Lar e na Escola – Grupos de Treinamento para a Produtividade”, do Professor Lauro de Oliveira Lima, relançado em 2005 pela Editora VOZES http://www.editoravozes.com.br/main/main.html

Um comentário:

Odorico Ribeiro disse...

Oi Beta,
Entre as muitas novidades que podemos ver aqui na Venezuela no campo da educação, se encontra a “Misión Música” que põe a arte a serviço dos mais débeis, dos mais pobres e das crianças. Diretores musicais de muitas partes do universo mostram seu enorme interesse nesse processo, e até mesmo universidades se propõem a seguir esses passos. Veja o vídeo no link aí embaixo mostrando a experiência no Conservatório de New England en Boston. Aqui na Venezuela já há quase 500.000 crianças nesse projeto (70% sao das zonas mais pobres). A longo prazo isso tem um efeito bárbaro. Ressalto a parte onde o Maestro Abreu diz que a criança marginal ao entrar no universo da música deixa instantaneamente de se sentir excluída, débil e se sente com esperança, se sente incluída.
http://vimeo.com/8269752

Beijos
Odo