Diário de Viagem - Washington DC - MUSEUS

Estivemos em muitos museus, nessa estada, e nos deparamos com grupos grandes de crianças, sempre guiados por seus professores, naquilo que eles chamam de Day Camp, ou seja, o dia fora da escola. No entanto, mais uma vez observo que o grande problema nessas atividades é a falta de conhecimento sobre os níveis de desenvolvimento das crianças, o que acaba levando a realização de atividades que ficam fora do alcance das mesmas, tornando-se inócuas do ponto de vista da aprendizagem.


Por conta disso, crianças muito jovens não conseguem absorver a maravilhas
de museus ou mesmo do planetário, onde é oferecido um lindo programa sobre a criação do universo, coisa que do ponto de vista da causalidade de Jean Piaget, as crianças só vão começar a entender por volta dos oito anos. Vimos crianças que certamente estavam na fase Sensório Motora (2 e 3 anos) e Simbólica (4 ou 5 anos) vagando sem entender o que estava acontecendo. Ninguém entendendo nada.
Mesmo no Museu de História Natural, as crianças ficavam sem entender a evolução humana, a botânica, a evolução das espécies. No máximo, vimos manifestações de interesse pelos animais taxidermizados, estáticos ... Fica assim a dúvida: não é um tempo perdido esse, quando poderia ser melhor aproveitado em uma proposta adequada ao nível mental dessas crianças? Por que não levá-las a Zoológicos ou a passeios nos parques com atividades dirigidas e orientadas para aquilo que realmente as interessam?
Ficamos com muita pena de não termos, no Brasil, Museus com esse nível para nossas crianças terem as mesmas oportunidades de obtenção de conhecimento. Por exemplo, o Museu de Cera de Madama Toussad oferece uma gama enorme de informações sobre personalidades mundiais, que podem ser exploradas do ponto de vista das relações com seus países e suas realizações. Novamente lamentamos a falta de oportunidade que vemos no Brasil para esse tipo de compreensão maior do mundo em que vivemos por parte de nossas crianças.
Uma oportunidade que vislumbrei na visita foi a de apresentar a adolescentes, muitos dos quais tem grande preconceito contra pessoas de baixa estatura física, o quanto foram importantes personagens da história que não eram altos, mas que contribuiram de forma decisiva em seus campos de ação, de uma maneira totalmente incomum. Outra coisa que pode ser vista é que a cor da pele jamais teve influência nas grandes realizações a serviço da humanidade que foram empreendidas por pessoas das mais variadas raças. Isso seria interessante até para prevenir o bullyng em várias situações, porque desviaria o foco das características físicas “diferentes” para a essência do ser humano e todas as suas possibilidades. Enfim, há muitas formas de fazer tomadas de consciência, e viver um momento de convívio com todos esses maravilhosos seres humanos, mesmo que talhados em cera, proporciona uma verdadeira festa para os sentidos e para a alma.