quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Habilidosas formas de estupidez


Na semana passada estive enchendo o saco de vocês falando um pouquinho sobre o Simón Rodríguez, o professor herói. Pois é, eu também não sei muito sobre ele, não. Mas certamente me chama muito a atenção o fato dele ter dito algumas coisas bem interessantes. Já lhes mandei uma ou duas afirmações dele. Por último, e já deixo este tema a um lado, gosto muito do que ele disse numa obra publicada em 1830: “Enseñe los niños a ser preguntones! para que, pidiendo el porqué de lo que se les mande hacer, se acostumbren a obedecer ... a la razón! no a la autoridad, como los limitados ni a la costumbre, como los estúpidos.” Simon Rodriguez

O texto acima foi enviado por Odorico Bemvindo, Fìsico , atualmente residindo na Venezuela e um grande amigo. Mandou este texto de Simon Rodriguez publicado em sua obra de 1830, e fiquei muito feliz, pois é totalmente atual.
Temos a responsabilidade, como educadores, de saber que o que devemos ensinar às crianças e somente fazer perguntas para deixá-los com dúvidas. Não adianta as crianças e adolescentes usarem computadores, IPods ou Ipads ou qualquer dos elementos dessa enorme gama de tecnologia de última geração, se não souberem fazer perguntas. Quando nos voltamos para os questionamentos, estamos trabalhando a moral de nossos alunos e isso os leva a ver a sociedade como uma totalidade, seguindo a razão. Devemos cuidar, como diz esse professor, herói venezuelano, para não criarmos seres que só obedecem as autoridades (como os limitados) ou aos costumes (como os estúpidos). Temos que ter em mente formar pessoas livres para poderem optar e saberem como fazer estas opções. Toda a tecnologia pode e deve ser utilizada, mas não devemos esquecer Piaget, para sabermos que cada criança, quando nasce, é um bárbaro. Logo, tudo começa do mesmo jeito, como já aconteceu com nossos pais e avós. Nenhum bebe nasce falando ou andando. Passa por todas as fases do desenvolvimento Sensório Motor, que vai mais ou menos até os dois anos, depois ao Simbólico, onde desenvolve a função mágica do ser humano que é a Semiótica. O período intuitivo vem a seguir, até os 5/6 anos e então se inicia um longo esforço, que é a entrada nas operações concretas, seguindo-se logo depois as dificílimas Operações Abstratas, que só alguns indivíduos da espécie conseguem atingir plenamente. Então não devemos ficar tão encantados com o uso que as crianças fazem da tecnologia, pois esses equipamentos são apenas ferramentas a disposição das novas gerações. São próteses que auxiliam o caminho, mas que tem sua representação em fórmulas mais antigas. Por exemplo, o que era o email? As cartas que nossos pais escreviam. O computador? As enciclopédias Tudo era mais lento, mas a vida também era. Qual era a velocidade máxima que os automóveis atingiam? O que houve foi só uma complexificação. E a educação, no que foi que mudou? Praticamente nada, nem quanto a velocidade, nem quanto a eficiência. Continua tudo lento, os professores querendo que os alunos tenham dentro de suas cabeças uma quantidade enorme de informações desnecessárias. Para quê? Se eles não sabem fazer perguntas, para que buscar respostas, seja lá onde e como for? Deixem os jovens com dúvidas para que possam pensar o sistema, sua vida, a escola, seus amigos, seu conhecimento. Já pensaram porque ninguém quer jovens pensantes? Será que eles, com todos esses aparelhos tecnológicos, mudariam a sociedade? Acho que sim, pois veriam que não é possível a desigualdade social vigente. O tempo que se perde nas escolas ensinando “coisas” é enorme, quando o único objetivo deveria ser ensinar a PENSAR. Com este instrumento que é o pensamento, eles vão a todos os outros locais (conhecimentos). Vamos parar de nos contentar em formar alunos limitados e estúpidos. Vamos criar grandes pensadores, descobridores, inventores. O futuro não vai comportar alunos preparados nestas mediocridades, que não conseguem generalizar seus conhecimentos. Os jovens não estão preocupados em conhecer, mas em passar de ano, fazerem o que querem, pois são liberados pelos pais para que isso aconteça. Não respeitar as regras sociais é um atraso no desenvolvimento da moral. A maioria dos professores nem sabem que a moral se desenvolve! E quando tem idéia de que isso é possível, não sabem como fazer para que aconteça. Deveria haver na escola uma matéria só para esse tipo de desenvolvimento, denominada DINÂMICA DE GRUPO, onde os jovens aprenderiam a conviver com seus pares e respeitar as outras gerações acima e abaixo. Vemos muitas vezes os jovens sem o menor cuidado com os idosos e as crianças. Por que será? Isso é reflexo da falta de moral da cooperação. Esses jovens ainda estão centrados na moral do dever, que é pautada pelo conceito de “dente por dente, olho por olho”. Nossa sociedade alimenta todos os tipos de comportamento voltados para esta moral, que equivale a de uma criança de 7/8 anos. Vamos voltar a ler, estudar para poder educar.

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