quarta-feira, 6 de abril de 2011

Uma Escola Piagetiana - A Chave do Tamanho


   Falar de uma escola piagetiana é falar da minha história de vida. Dedicar-se de corpo e alma para fazer um sonho virar realidade foi a única maneira que aprendi para chegar ao que se chama de realização pessoal. E nunca é demais mostrar como foi o caminho e como estamos hoje na “A Chave do Tamanho”. Vamos lá então.

   A Chave, como é conhecida por todos os que tiveram contato com a escola, nasceu em 1972. Lauro de Oliveira Lima, meu pai, recebeu autorização do próprio Jean Piaget, grande epistemólogo suíço, para realizar uma experiência pedagógica baseada em duas idéias. Desde aquela época até o falecimento de Piaget, em 1980, foram enviados relatórios com os resultados que iam sendo obtidos. Devido a sua longa experiência na aplicação das idéias de Piaget nos cursos fundamental e médio, houve uma sequência de resultados positivos ao longo do tempo. Cristalizava-se o Método Psicogenético.

   A novidade que a “Chave do Tamanho” trazia foi a experiência com o ensino pré-escolar. Nossa metodologia é baseada no atendimento individualizado, trabalhando com grupos muito reduzidos e com planejamento muito bem disciplinado. Nenhum professor entra em sala de aula sem um planejamento semanal verificado pela coordenação e com o planejamento diário montado com atividades que devem durar aproximadamente  10 minutos. Um planejamento semanal também é fornecido aos professores, que devem fazer adaptações para o nível do grupo específico com que vai trabalhar. O Planejamento Diário deve ser feito pelos professores, contendo os mínimos detalhes para as atividades, como por exemplo, as histórias que serão contadas, experiências científicas, técnicas de arte, músicas, etc. É importante que esse planejamento tenha sempre mais atividades do que aquelas estabelecidas para as horas formais de trabalho (4 a 5 horas), pois alguma atividade inicialmente proposta pode não apresentar o resultado esperado pelo professor ou não ser bem aceita pelo grupo, podendo ser substituída nessas circunstâncias.
    Uma atividade bem sucedida, para o professor, é aquela que tem um bom aproveitamento por pelo menos 70% do grupo. Ele deve avaliar todas as atividades realizadas, ao final do dia, como: muito bom, bom, regular, insuficiente, não realizada ou substituída. Essa avaliação servirá de esquema de assimilação para o próximo planejamento.
    Temos na Chave, uma ficha de observação diária dos alunos onde são feitos os apontamentos sobre dificuldades, facilidades e socialização dos alunos, sendo essa a ficha que dá ao professor a visão global de seu grupo. Ali esta contido o Sociograma que é realizado de 15 em 15 dias. Nossos alunos trabalham sempre em dinâmica de grupo - mesas coletivas 3 a 4 crianças. Não temos crianças/adolescentes mais próximos ou longe dos professores, todos estão próximos, pois o professor circula em toda a sala, não podendo dar as costas para os grupos e nem utilizando o quadro para fazer anotações. Ele deve usar sempre as bordas da sala (as mesas devem ficar no centro), logo todas as crianças/adolescentes estão junto a seus educadores. Não  há privilégios de localização em sala de aula, sendo essa uma regra fundamental  da Chave, postulada pelo Método Psicogenético. Nenhum aluno esta na frente da sala ou no fundo dela. Todos estão em contato com seus colegas.

Eu observo todas as aulas, através de câmeras instaladas em todas as salas, e dou feedback a todos os professores.
 Os professores da primeira fase do fundamental têm, diariamente, reunião com a coordenação para revisão do planejamento, orientação com relação às crianças, etc. Os professores da 2ª. Fase do Fundamental, que trabalham em varias instituições, tem em dois dias por semana uma reunião virtual com a direção e coordenação, onde discutem teoria, tiram duvidas praticas e fazem observações sobre o desenvolvimento dos adolescentes. Em todos os níveis, o professor não dá aula expositiva usando quadro verde. São propostas atividades que devem ser ouvidas (ou lidas) e discutidas pelos alunos. Quando necessário, o professor vai a cada mesa esclarecer o que esta sendo pedido. Chamamos de “SITUAÇÃO PROBLEMA”  a estas atividades, que apresentam  sempre uma dificuldade para que os alunos resolvam. Trabalham sempre em DINÂMICA DE GRUPO, isto é, uns ajudando aos outros. Os grupos são formados pelos professores considerando os Sociogramas, feitos periodicamente. A configuração dos grupos pode variar em cada tipo de atividade e, na segunda fase, por matéria.
Em todas as salas de aula os alunos têm regras a serem cumpridas por todo o grupo. Inicia-se por estas regras a compreensão da constituição do país. Aqui esta sendo construída a MORAL das crianças.
Como diz o Professor Lauro de Oliveira Lima, o professor é como um técnico de time de futebol: não joga, deixa as crianças jogarem. E cada momento de interação é sempre de aproximadamente 10 minutos, não mais. A cada período desses, completa-se um ciclo. Mesmo na segunda fase do fundamental, quando as aulas tem 50 minutos, dividimos a aula em 5 atividades diferentes, para que as crianças/adolescentes tenham atenção e concentração no que estão fazendo. Por exemplo, o professor de história propõe um tema a ser discutido. Discussão 10 minutos, fazer uma linha do tempo mais 10 minutos, relatar escolhendo um do grupo para apresentar, mais 10 minutos, fazer um cartaz, mais 10 minutos e um resumo final do que foi aprendido.  Todas as matérias têm o mesmo comportamento metodológico (método psicogenético - Lauro de Oliveira Lima).
Este e um resumo do modelo pedagógico da Escola “A Chave do Tamanho”.  Se você tem dúvidas a respeito, entre em contato comigo que terei o maior prazer em responder. Ou agende uma visita a Escola, para podermos conversar mais diretamente. Sob agendamento, atendemos grupos de universidades e instituições de ensino de todo o Brasil que vem conhecer o trabalho desenvolvido na Chave.

Beta

2 comentários:

Edgar disse...

Beta, é sempre muito realizador ler ou ouvi-la falar da experiencia pedagogica da nossa Chave. A metodologia, as tecnicas, a motivação dos professores e mais ainda a ideologia transformadora vivida na escola - tudo é diferenciado! Faço um pedido: Não perca nunca a chama do Amor pela educação. Sei que remamos contra a maré. Sei que a maoria esmagadora não alcança a proposta. Sei que vc ganharia muito mais dinheiro adotando o "sistemão". Rogo: continue liderando a Chave com Amor e entrega. Eu compartilho dessa "utopia". Eu acredito na semente de Graça transformadora que minha filha carregara o resto da vida. Tenho certeza que tudo isso vale a pena. Outras escolas podem copiar o quê fazemos mas jamais copiarão o quê somos. Estamos juntos!

Edgar, pai da Ana Beatriz

Tabia disse...

Reforço as palavras do Sr. Edgar e falo com orgulho que tudo que aprendi foi no dia a dia dessa escola. Fui professora e supervisora. Sai do Rio e por onde passei levei está experiência que foi fundamental para o desenvolvimento dos meus filhos e de tantos outros estudantes. Agora, a frente de uma grande instituição tenho certeza que vou conseguir espalhar mais sementes dessa minha experiência e desse trabalho que acredito muito e sei o quanto é grande e positivo para o crescimento dos alunos. Parabéns Beta por esses anos de trabalho frente à educação!