terça-feira, 12 de julho de 2011

Uma Lei da Vida



Nós, pais e educadores, temos a frágil noção de que as crianças e adolescentes estão crescendo apenas com a mística de que são detentores do direito a felicidade. Mas afinal, o que é a felicidade? Seria não haver contrariedades? Nesse caso, estamos vendo uma distorção absurda quanto ao que é ensinar.
Para que crianças e adolescentes cresçam saudáveis, é preciso que passem por contrariedades e frustrações, porque elas são inerentes a vida. Muitos pais começam a montar um cenário de culpas tão logo os filhos nascem. Querem dar a seus filhos tudo o que tiveram, e principalmente o que não tiveram em suas vidas, não analisando que, mesmo que não tenham tido várias coisas, estão saudáveis, vivendo ativamente e se aprimorando frente aos desafios exatamente para conseguir galgar patamares mais altos. Começam no entanto fazer sacrifícios, em muitos casos, para que os filhos tenham de tudo, sem qualquer esforço de conquista. Não conseguem ver que, tendo tudo, seus filhos não desenvolvem o sentido de necessidade, o conceito de que é lutando que as coisas acontecem.
Na realidade, temos que dar o que é fundamental, e junto ao que damos, precisamos ensinar a eles que a melhor coisa da vida é conseguir conquistar aquilo que queremos, com trabalho, esforço, persistência e decisão. Caso contrário, passam a achar que o mundo já é deles e tudo já está conquistado, dominado. Acham que o patrão que tiverem deverá se comportar como um pai ou mãe, e quando isso não acontece ficam se ver sentido em lutar pelo que acreditam.
De uma maneira toda própria, acham que tudo deve vir ao encontro deles, naturalmente. Até porque foi assim que seus pais fizeram até quando puderam. Acham-se geniais, e dificilmente superam as frustrações, somatizando desgostos que levam a atitudes ainda piores. Podem até chegar a ignorar a ética, porque acham que estão sendo pouco reconhecidos e que qualquer caminho leva aonde querem chegar, mesmo os menos convenientes ou mesmo lícitos. Se foram acobertados durante muito tempo pelos pais, que tentaram evitar o sofrimento natural da vida, acabam por acreditar que a impunidade é a situação normal.
O pior é quando mantém esse comportamento pela vida afora, vivendo eternamente como jovens, mesmo quando já são adultos. Recusam-se a fazer esforços maiores, porque de alguma forma se sentem no direito de aguardar que alguém o faça, como seus pais um dia fizeram por eles.
Lutar é uma necessidade e as frustrações são inerentes a vida, razão pela qual temos que deixar as crianças viverem. Daí o grupo ser tão importante, pois ali todos tem que se relacionar na mesma estrutura. Criar e educar um filho é muito difícil, mas pode ser de uma grande beleza se for feita corretamente.

Nenhum comentário: