quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Escola Forte Escola Fraca


Chegou aquela época do ano que provoca um estresse tradicional entre pais e filhos: o período dos exames. Normalmente, ficou convencionado que existem escolas “fortes” e escolas “fracas”, mas ninguém até hoje estabeleceu o que isso significa. Está no imaginário mas não tem consistência. Para os pais, via de regra, são as escolas que fazem crianças e adolescentes “saberem” vários conteúdos através da decoreba, que serão esquecidos mais adiante (aliás, há também a crença de que esses conteúdos permanecem ... o que é um despropósito). Aquilo que existe no período da realização dos exames é perdido, mas ninguém consegue medir isso porque naquele momento existia por força da necessidade de passar no exame. Se hoje, você pai, fizesse um teste desses certamente seria reprovado, embora tenha passado no mesmo a 20 ou 30 anos atrás. O fato é que conteúdo não se sustenta, porque a grande maioria dele é totalmente desnecessária.
O grande problema aí é que, depois de ter sido massacrado por questões sem sentido, esse adolescente, que “passa” nos exames é exposto àquilo que realmente interessa, ou seja, a cursos superiores nos quais não se saem bem logo de início. O abandono no ensino superior é muito grande, criando um fosso entre o que se convencionou chamar de “ensino de qualidade” (montanhas de informação sem conexão entre si) e o ensino superior. Quantas universidades ou faculdades dedicam os primeiros dois semestres a ensinar, novamente, português, matemática, biologia e outras matérias que deveriam ter sido mais bem estudadas no Ensino Fundamental ou Médio? Praticamente um ano do período em que o aluno deveria estar se lançando ao treinamento essencial para a profissão que escolhem, é gasto com uma reciclagem de conhecimentos que foram deixados de lado no ambiente e no momento adequados.
Frente a todo esse caminho de pedras, grande parte dos adolescentes acabam desistindo do curso superior, num momento em que isso é fundamental para sua jornada pela vida com chances de sucesso. Teriam abandonado a escola ainda no ensino Médio ou Fundamental, se pudessem, mas são tolhidos pela pressão de seus pais e tutores, que veem no modelo vigente uma forma de amorosamente contribuir para o sucesso deles na vida. E quem não iria querer escapar de escolas terríveis, que nada ensinam e privilegiam o massacre diário quando deveriam promover a felicidade de aprender?
E as escolas ditas “fracas”, quais são? Em primeiro lugar, as “alternativas”, que fazem o jogo dos pais cujos filhos tiveram dificuldades nas escolas “mais fortes”. Normalmente, são escolas que tem um programa sem muita consistência para atender a clientela que a procura.
No entanto, temos que definir qual a verdadeira alternativa que deveria servir para atender as necessidades da sociedade para o Século XXI, mas isso não acontece porque o cliente (os pais) procuram, quando se trata de escola, qualquer modelo que tenha sido criado no Século XIX, já que consideram que o “tradicional” deu certo. Não há um ponto de referência de onde surgiu essa crença nem no que ela está baseada – várias ilações podem ser feitas, é claro – mas o fato é que o mercado sempre vai oferecer aquilo que é demandado, daí a permanência no erro que vai se tornando mais grave à medida que o indivíduo formado tradicionalmente não tem chances num mundo completamente diferente em termos de necessidades e competências exigidas.
Note-se que as escolas modernas são sempre voltadas para crianças bem pequenas, onde os pais se sentem à vontade por acharem que não há, nessa idade, nenhum conteúdo a ser trabalhado. No entanto, com o crescimento da criança, saem os pais a procura daquela escola que oferece condições de preparar seu filho para o vestibular – e agora para o ENEM. É uma decisão amorosa, sem dúvida, porque qual o pai que não quer o “melhor” para seu filho. A grande questão é: o que é o melhor?
Para poder estabelecer um padrão de escolha mais ajustado ao mundo em que vivemos, sugiro que os pais verifiquem qual a filosofia que norteia a estrutura pedagógica das escola onde você vai matricular seu filho. Não esqueça que as primeiras fases do desenvolvimento, ou seja, quando seu filho for mais novinho, são essenciais para a vida como um todo. É nessa escola e nessa idade que ele permanecerá por mais tempo, e vai ser necessário que você estabeleça um acompanhamento rigoroso para não ter surpresas desagradáveis mais adiante. Não considere que ele “só é gente” depois de uma certa idade. Seria o mesmo que deixar a construção de um edifício totalmente largada nas mãos de gente não preparada, para se preocupar depois com a parte de decoração. A casa cai desse jeito.
Portanto, gostaria de concluir dizendo que não existe escola forte ou fraca. Existem sim, escolas com programação diferenciada e que apresentam os conteúdos de forma diferente, considerando a época certa em que as crianças tem estrutura para receber os mesmos, e não baseando-se simplesmente naquilo que a idade indica em tabulações frias e geralmente ineficientes. Aprender não deve ser “dor”, mas sim “felicidade”. Desenvolva essa capacidade de entender a escola antes de matricular seu filho.

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