terça-feira, 21 de setembro de 2010

Morre um amigo: Jornal do Brasil


Como pode um grande jornal como o JB (Jornal do Brasil), morrer assim sem que nada fosse feito. Onde estão os guardiões da democracia, que assistem uma morte anunciada sem nada fazer. O BNDES dá dinheiro a todo mundo, até a quem não precisa e não pode socorrer um patrimônio nacional como o JB. Sou assinante do jornal que teve grande participação em nossas vidas, quando meu pai não podia nem circular nas ruas por perseguição política. Conseguia então, através de cartas, se expressar no JB e através do Jornal do Professor, dirigido por Dimas na época, orientar os professores com seus artigos. Driblava a censura dando orientações pedagógicas, e ninguém da censura dava bola para um apêndice de um grande jornal que mantinha sua luta pela democracia. Tinham que vigiar os articulistas e as manchetes, mas assim mesmo ele dava as noticias.
O JB tinha um compromisso firmado com a democracia e não cedia a pressões, tentando dar as noticias mesmo com a censura fazendo pressão.
Não temos mais um jornal para fazer o contraponto ao “O Globo”, e por que? Ninguém notou a importância que tem, para uma democracia, existirem veículos como o JB, que teve posicionamento crítico durante três revoluções, três ditaduras, seis golpes de Estado, duas juntas militares, seis constituições, 31 presidentes da Republica, duas guerras mundiais e dez Papas?
Fará falta nosso JB, que era o local onde já sabíamos o que procurar para ler, e onde podíamos opinar. Qual será seu substituto? Haverá um substituto? É triste um pais como o nosso que não tem memória histórica e onde tudo pode acontecer. Perdemos nós, perdem nossos filhos e netos. Fico com a sensação de estar vivendo alguma coisa muito parecida com e a época da ditadura, quando alguns jornais saíram de cena, como o Correio da Manhã.
Espero que jovens empresários e jornalistas acordem para continuar a luta que, por 119 anos, foi do JB.

Um comentário:

Marcia disse...

Em um regime livre as empresas prosperam ou morrem. Se existe um público, existirá o produto. O que não dá é para esperar que o governo banque um jornal para agradar uma minoria.

O que deve ser defendido, sempre!, é a liberdade de expressão, tão atacada ultimamente pelo partido no poder. Com ela, um jornal se vai, outros nascerão. O que não podemos é compactuar com essa enxurrada de jornal patrocinada pelo governo fazendo apologia de um partido.

Até porque, um jornal patrocinado pelo Estado... bem, nem preciso terminar, não é mesmo?