Diz um antigo ditado que “ser mãe é padecer no paraíso”, e no caso da escolha da educação de seus filhos, isso é uma verdade fundamental. Sobre os ombros das mães, quase que exclusivamente, repousa a responsabilidade de escolher a escola de seus filhos, quase sempre até as primeiras séries do ensino fundamental. E mesmo podendo pagar por isso, é difícil determinar o que será melhor para eles, principalmente quando se sabe que é aí que estão em curso as primeiras fases do desenvolvimento, que serão responsáveis por muito do que vai acontecer pelo resto da vida deles. Uma situação como essa é comparável àquela que estavam submetidos jovens de 16 anos, tempos atrás, quando eram convocados a decidir sem qualquer base consistente o que seriam pelo resto de suas vidas em termos profissionais. Em qualquer das duas circunstâncias, a probabilidade de erro é grande.
Sem um lastro de conhecimento que permita uma análise mais aprofundada, normalmente as mães (ou responsáveis) escolhem geralmente escolas que tem um nível de exigência muito grande. Mas para onde aponta esse nível de exigência? Invariavelmente em aquisição de enormes volumes de conteúdos, que se fazem da vida de qualquer pessoa um inferno, por outro lado não acrescentam nada em termos de desenvolvimento da inteligência – elemento fundamental hoje e daqui para frente. Normalmente a criança é “afogada” em uma enorme quantidade de exercícios, a grande maioria voltada para a “fixação” de elementos que não terão qualquer utilidade futura. Há uma sensação geral de que “aprender é sofrer” e isso é uma falácia montada ao longo do tempo, e aceita até os dias de hoje. Na nossa sociedade, trabalho ainda é dor! Ou seja, a grande maioria das pessoas trabalha em coisas que não gostaria, razão pela qual são tão valorizados os feriados, finais de semana, “happy hours” e outros subterfúgios para criar um intervalo entre os momentos de sofrimento e a vida como ela deveria ser, no entendimento de quem pensa assim. Escola ser local de sofrimento não é uma coisa difícil de incorporar para as pessoas que sofrem trabalhando. Tudo está dentro do mesmo balaio. Mas não precisa ser assim. Aliás, por tudo o que sabemos nos dias de hoje, não pode ser assim!
Lastimável é não haver um “Curso para ser Mãe” ou um “Curso para Escolher a Escola de seu Filho”. E é fundamental entender o processo como um todo para poder desenvolver as competências necessárias para fazer as escolhas adequadas. Ser mãe, hoje, é coisa para profissional, e dos bons. Dá para bater ponto e cumprir tabela, mas o preço a pagar é muito alto se não formos a fundo na questão fundamental: em que mundo estarão vivendo nossos filhos e o que eles vão precisar saber por lá. Meu pai, o professor Lauro de Oliveira Lima, acha que uma coisa que toda mãe deveria fazer seria ler Ficção Científica para entender o que poderá estar acontecendo num futuro ignorado mas previsível e até projetável em algumas circunstâncias. Isso porque todas as coisas que já conhecemos, e nas quais acreditamos piamente por reforço constante, não servirão para formar as gerações que estão se deparando com o desafio de viver num mundo completamente diferente em sua base.
Isso porque aquilo que foi por muito tempo “fixado” (palavra que sempre me lembra o ato de pregar alguma coisa na mente de alguém, usando ferramentas medievais) na mente das crianças e adolescentes, será tarefa de grandes bancos de dados relacionais, integrados em nuvem (cloud computing) e acessáveis de qualquer lugar, a qualquer tempo, por gadgets cada vez mais reduzidos e portáteis. Os dados estarão disponíveis. A habilidade de acessá-los vai ser importante e a de utilizá-los, vital. Na cabeça, haverá lugar para a inteligência e criatividade. Esses dois elementos, associados ao desenvolvimento da moral do indivíduo, darão condições de sobrevivência num mundo que ainda não fazemos idéia de como será. Imagine seu filho hoje, com 5 anos e o coloque vinte anos a frente. Será um adolescente, caminhando para a fase adulta, e precisará estar apto a corresponder às demandas. O que você vai colocar na mochila dele? Todas as informações sobre quais são os afluentes do Rio Amazonas? A Tabela Periódica dos Elementos decorada? Os Lusíadas, na ponta da língua para ser declamado quando solicitarem?
Uma coisa interessante de se observar é que a mãe, em muitos casos, escolhe a maneira de educar considerando seu perfil pessoal bem como suas crenças e valores e não os do filho. Não funciona. Cada indivíduo tem suas peculiaridades, mas como explicar isso? Há ainda uma forte tendência de se considerar genética nesses casos, o que já se mostrou pouco eficaz. Na verdade o perfil de mãe precisa ser mais bem estudado por todos, e se você é mãe precisa definir qual é o seu e se deseja mudá-lo. Isso vai ajudar bastante na interação, pelo reconhecimento de suas características. Existem muitos perfis, e abaixo você pode verificar em qual você se encaixa:
- Exigente: Aquela que determina um padrão e não cede mesmo que esteja vendo que não e possível cumprir as metas.
-Indulgente: Aquela que cede a todas as vontades de seus filhos mesmo não concordando inteiramente com o que esta acontecendo.
-Resistente: Aquela que resiste bastante a ceder, tem princípios e mesmo a criança sendo prejudicada não muda de opinião.
-Rendida: Aquela que mesmo achando que não esta muito certa, faz o que os filhos querem mesmo sentindo-se prejudicada. E capaz de comprar objetos que terá dificuldades de pagar.
-Habilidosa: Aquela que faz concessões, mas leva os filhos onde ela quer. Acha que deve convencê-los em vez de dar uma ordem direta.
-Guerreira: Aquela que luta de todas as formas para atender os desejos de seus filhos. Mesmo com sacrifícios da família.
-Amorosa: Aquela que acha que tudo ela resolve com carinho e que as coisas ficam bem se ela for afetiva com os filhos.
-Negligente: Aquela que diz e não cumpre, deixa os filhos esperando e não chega nunca. Não fica preocupada com que os filhos pensam sobre ela.
-Perfeita: Aquela que sabe todos os padrões e não quer que nada saia de seu domínio.
-Adolescente: Aquela que abandona, troca-se com os filhos, quer estar vestida e com a programação deles. O “não” nunca esta na hora correta.
-Protetora: Aquela que acha que seus filhos têm sempre razão, os outros são moleques e estão sempre causando danos aos seus.
-Agressiva: Aquela que briga e discute com seus filhos na frente dos outros às vezes humilhando-os, não espera para dar as punições com equilíbrio.
-Equilibrada: Aquela que julga as ações com calma e pune rigorosamente pelos fatos acontecidos.
-Religiosa: Aquela que quer transmitir a sua fé a seus filhos, independente de suas escolhas.
-Mãe-Avó :Aquela que age como uma avó. Da sempre razão aos filhos e volta os problemas para as outras crianças. Não aceita nenhum tipo de repressão aos filhos.
Estes são alguns tipos que lembrei. Em minha longa atividade de atendimento aos pais na Escola fui mapeando os tipos para poder ajudá-las a agir melhor com seus filhos. Tornar um filho autônomo e inteligente é uma tarefa que tem que ser compartilhada entre a escola e a família. Veja se você se encaixa ou se combina com vários tipos. Se você se vir com outro perfil mande me dizer. Faca seu comentário.
Beta
Um comentário:
Beta,
Achei minha mãe em muitos tipos. E me encontrei também em alguns... somos um misto de todos esses tipos? Por que tendemos repetir a história, cometendo (quase)os mesmos erros e acertos? Como identificar esse ciclo vicioso?
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