sábado, 21 de maio de 2011

Escreveu, não leu ...

O Brasil é um país pródigo em fenômenos, sendo o analfabetismo funcional um deles. Não existe só no Brasil, é claro, mas os números são assustadores. É um problema perverso porque não se trata de pessoas que não freqüentaram a escola, elas sabem ler, escrever e contar, chegam a ocupar cargos administrativos, mas não conseguem entender a palavra escrita.

Você deve conhecer um, ou vários analfabetos funcionais. É aquela pessoa que fica longe de livros, artigos, crônicas. Manual de procedimento? De jeito nenhum. Computadores estão fora de questão. Preferem ouvir explicações da boca de colegas. Fingem entender tudo, mas agem por tentativa e erro mesmo.

Calcula-se que, no Brasil, os analfabetos funcionais somem 70% da população economicamente ativa. No mundo, há entre 800 e 900 milhões deles. São pessoas com menos de quatro anos de escolarização, na sua maioria, mas pode-se encontrar também pessoas com formação universitária, exercendo funções-chave em empresas e instituições, tanto privadas quanto públicas.

O mais chocante é que elas não tem habilidades de leitura compreensiva, escrita e cálculo para fazer frente às necessidades de profissionalizaçao e tampouco da vida sócio-cultural. A queda da produtividade provocada pela deficiência em habilidades básicas resulta em perdas e danos da ordem de US$ 6 bilhões por ano, no mundo inteiro. E isso porque  são pessoas que não entendem sinais de aviso de perigo, instruções de higiene e segurança do trabalho, orientações sobre o processo produtivo, procedimentos, etc. Muitos recall das empresas estão ligadas a esse tipo de problema: falha humana, por analfabetismo funcional.

A única solução é Educar. Educar os alunos e educar quem educa também. Só a denúncia não adianta, porque isso a grande mídia está fazendo, mas é preciso que os gestores educacionais tomem providências concretas.Há muito a ser feito nessa área, e os resultados poderiam ser fantásticos em termos de capacidade funcional das pessoas, dando mais oportunidades a muitos e melhorando a capacidade produtiva do país. Por exemplo, entre as várias questões práticas que deveriam estar sendo investigadas por aqueles que são responsáveis pela educação no país, está a Formação dos Professores. Por que os cursos, em sua grande maioria, são abaixo da crítica. Quem são os profissionais que se encaminham para o Magistério, por que o fazem e como se preparam para esse mercado?

O que as crianças tanto copiam em sala de aula? Por que copiam? O que tanto escreve o professor na lousa (ou quadro verde, preto ou branco com canetinhas pilot)... Em pleno século XXI!? Não é possível. Com tanta coisa mais interessante para fazer, com tanta inteligência a ser desenvolvida, o que vemos é o mesmo tipo de aula que não atrae mais ninguém. Tente colocar os professores na posição de alunos e aplique uma aula desse tipo para ver se algum deles aguenta! As crianças deveriam estar em atividade, mas como os professores não conhecem novas metodologias repetem o que viram com seus professores, e isso vem de longo tempo. Mas até quando?

Estamos formando copistas medievais, aqueles monges da Idade Média que, por terem habilidade com a pena tornavam-se calígrafos e reproduziam manualmente a Bíblia? E Guttemberg? E o livro? E a internet? Não se cogita usar isso ao invés de promover essa orgia de consumo de papel e tinta de caneta esferográfica, para nada? Acho realmente é que, como o professor não sabe o que fazer com seus alunos, bota todo mundo para copiar, porque assim pelo menos ele cumpre o horário, "dá" a matéria, ganha seu dinheiro e ... tudo bem. Mas veja: enquanto o professor estiver ocupado escrevendo no quadro, não estará dando aula!

ATIVIDADE: essa é a palavra chave, a fórmula mágica da pedagogia.Vi em uma reportagem uma professora  escrevendo o alfabeto no quadro e fiquei me perguntando para que? Com tantas maneiras de introduzir o alfabeto, como é que a "pobre" professora repete o que já se fazia a 50 anos atrás...

É preciso ensinar o professor a ensinar ... "dar aula" se preferir. Crianças de hoje não aprendem com essas antigas fórmulas, porque são de outro tempo, vivem em outra velocidade, estão expostos a outras possibilidades. Como se conformar com o "inferno" de ficar trancado em uma sala, ouvindo coisas que não são aplicáveis a suas vidas e, pior dos pesadelos, copiando tudo isso para um caderno pautado? E o fato é que as crianças acabam copiando sem saber ler, reproduzem letras que não fazem sentido, formando palavras que não tem significado e textos que não entendem. O mundo fica repleto de "máquinas de copiar", para as quais o texto é meramente um conglomerado de sinais que elas reproduzem mas que não tem qualquer valor objetivo. Mas o caderno ... fica cheio de material "dado nas aulas". A quem estamos querendo enganar?

Se os professores aprenderem a usar Dinâmica de Grupo em sala de aula vão conseguir resultados espantosos. Promover o desenvolvimento da inteligência, da moral e a socialização passa a ser possível e inteiramente agradável e estimulante quando a maneira é adequada, permitindo que transmitam suas experiências umas a outras.

Beta

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