
ALIMENTOS
entropia informação estímulo
habilidade hipótese sistema aberto
acomodação teoria curiosidade
visão do mundo neopositivismo inovação
órgão dos sentidos atividade inibição
desinteresse perturbações exercício
estrutura esquema ultrapassagem
Deve-se distinguir a atividade das estruturas da atividade do sujeito. A atividade das estruturas é um processo primitivo que se inicia no bebê, antes mesmo da linguagem: é o que chamamos "alimentação dos esquemas". Alimentar um esquema consiste no fato de, encontrado (construído) um novo esquema (o esquema de jogar para longe um objeto, por exemplo), a criança tende a utilizá-lo não importa como. O esquema tende sempre a alimentar-se através de elementos que não se diferenciam muito do modelo original, provocando leves acomodações: toda estrutura, pois, comporta sempre a exigência de ultrapassagem." (Piaget).
Todo esquema tende a exercer-se. Tendemos a aplicar às situações as concepções que temos do mundo das coisas e das pessoas (mesmo que essa aplicação seja, apenas, processo mental ou verbal). Os olhos procuram a luz e o ouvido, os sons. Procuramos aplicar nossas "habilidades". Tendemos a usar os objetos que estão à nossa disposição. Não é, pois, o "estímulo" que põe o organismo em ação: são os esquemas que tendem a exercer-se, mesmo independentemente, de perturbações que provoquem necessidades de readaptação. Nisto, a teoria de Piaget se diferencia, fundamentalmente, da Psicologia em voga. Piaget chega a falar em "fome de estímulos" ("no começo, já estava a resposta"). Tudo isto significa, apenas, que o organismo (a mente) é um sistema aberto que precisa compensar, continuamente, as perdas (entropia). Nesta atividade, nesta aplicação dos esquemas a novas situações(curiosidade), cria-se a novidade (acomodação). Mas a aplicação dos esquemas obedece à estrita proximidade e semelhança das situações ("não se aprende nada inteiramente novo"). Se a situação é muito nova, a reação consiste ou na inibição do esquema, ou no desinteresse (a novidade absoluta equivale a uma incompreensão). "O meio não contém informações nenhuma" (Foerster): "para que haja informação, é preciso que o sujeito aplique seus esquemas aos objetos, transmitindo-lhes, assim, significação" (Piaget). Em outras palavras, é preciso que os objetos alimentem os esquemas. Daí a impossibilidade de "observação científica pura" proposta pelos neopositivistas toda observação supõe um esquema, uma hipótese, uma teoria ("um fato é apenas um fato"). A expressão "gostar de" (de música clássica, por exemplo) é uma forma corriqueira de dizer que os esquemas precisam ser alimentados. A privação absoluta de "alimento" desequilibra, totalmente, a homeostase do organismo (da mente), a tal ponto que o processo chega a ser usado pela polícia como método de tortura e desagregação da personalidade. "A alimentação dos esquemas não tem nada de "extrínseco" com relação ao meu ensaio de teoria: um esquema que não se alimentasse não teria nada de um esquema, pois é próprio do esquema assimilar o maior número possível de elementos."(Piaget).
Os órgãos dos sentidos (ouvido, olhos, etc.) são "esquemas" anátomo-fisiológicos que precisam ser "alimentados" (diz-se até que "o órgão que não se exercita atrofia"). O mesmo ocorre com nossas "habilidades" (esquema de comportamento) e com nossas "concepções"(teorias, provérbios, religião, etc.), embora, do ponto de vista mental, a alimentação possa ser puramente verbal ou afetiva (isto é, não implicar comportamentos objetivos e eficazes).
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