quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

RESPONSABILIDADE: ASSUMA A SUA


Você chega em casa, cansado de um dia de trabalho, todas as aporrinhações do mundo batendo à sua porta, e vem seu filho e diz que precisa conversar. Você senta no sofá e se coloca a disposição para o papo.
- Olha, tomei algumas medidas para tornar minha vida do jeito que eu quero, e vou falar agora sobre as coisas que tenho em mente. Preparado?
- Pode falar filho.
- Primeiro, não tomo mais remédio para bronquite. O gosto é ruim, e eu acho que é melhor tomar o remédio de reumatismo da vovó que tem sabor cereja.
- Certo filho, que mais.
- Não vou mais a fisioterapia porque acho que o braço que eu quebrei está bom, e inclusive vou tirar o gesso hoje na banheira, como vi na internet.
- Certo filho, você é quem sabe.
- E vou passar um tempo na casa de um amigo que mora num quilombo para entender umas coisas que não consegui entender. Não me esperem para o Natal.
- Tá bom filho, você decide. A responsabilidade é sua.
Fácil assim não é mesmo? Mas imagino que as coisas não se desenrolassem dessa maneira, porque as decisões estariam sendo tomadas por alguém que, aos 10 ou 12 anos não teria condições de medir as consequências de seus atos.
No entanto, ao contrário do que poderia acontecer a 20 anos atrás, tenho visto muitos, mas muitos pais mesmo, deixando os filhos decidirem sobre a escola em que vão estudar. É uma transferência de responsabilidade grave, porque a mesma determina o futuro dos filhos sendo que eles não tem a menor condição de fazer a opção mais adequada. Seria o mesmo que permitir que as coisas se desenrolassem como no diálogo acima, ou mesmo obrigar a criança a escolher seu médico. Nosso papel como pais e responsáveis é exatamente o de suprir aquilo que as crianças não tem condições de fazer. Por isso existe a figura jurídica do “abandono de incapaz”, quando expomos crianças a situações que elas não podem resolver sózinhas e ficam em risco de vida por conta disso.
A diferença entre deixar uma criança trancada no carro quando se vai às compras e permitir que ela decida sobre seu futuro num momento em que não tem condições, é praticamente nenhuma. Até porque, depois de tomado o caminho, anos depois, quando se constatar o desastre, será tarde demais para tentar consertar qualquer coisa.
O fato é que, normalmente, reagimos rapidamente e de forma eficaz quando vemos alguma coisa física, como uma fratura ou machucado, ou mesmo uma tosse ou febre. No entanto, quando estamos lidando com o sofrimento psicológico, as reações são mais lentas ou mesmo inexistentes. E o sofrimento existirá, em algum momento, se a criança fizer a opção, e não o adulto. Se nós já erramos bastante por falta de conhecimento, de tempo, de interesse objetivo, imagine alguém que não tem elementos minimos para tratar do assunto com consistência?
Bem, como educadora, recomendo enfaticamente a postura firme nessa hora, com uma decisão madura e orientada dos pais. A falta de valores e determinação vai acarretar em problemas, mais cedo ou mais tarde. Chega a hora em que temos, como pais, que ser firmes e dizer “você vai fazer isso”! Caso contrário, fica até mais fácil dizer ao filho, quando tudo der errado, “foi você quem decidiu”. Mas vamos e venhamos: isso é não assumir a responsabilidade e ter que arcar com as consequências do mesmo jeito.
Vamos escolher para nossos filhos e dizer a eles que temos a convicção do que é o melhor para eles naquele momento. Escola não é ítem de consumo como roupa ou sapato, mas sim o elemento mais importante na formação deles. É na escola que ele vai desenvolver coisas essenciais, como a MORAL ou a ÉTICA. Só a educação tem o poder transformador em uma sociedade. Não escolha a escola apenas pela aparência, mas principalmente veja a ideologia.

Nenhum comentário: