terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Quem cuida de nossos filhos?


Quem pode cuidar mais e melhor?

                 A sociedade está preparada para as crianças? Temos em nossas casas um lugar que seja, realmente, destinado a elas? Não, é a resposta mais frequente. Normalmente, as crianças ficam relegadas a seus pequenos quartos, onde quase nunca existe um lugar para brincar.
                Claro está que isso não é feito por maldade, mas sim por desconhecimento das necessidades infantis, daquilo que efetivamente pode fazer a diferença no seu desenvolvimento. Se os pais não sabem o nível mental de seus filhos, como vão saber como organizar o seu quarto? Fica difícil também saber como reorganizar o ambiente para acompanhar o desenvolvimento da criança e do adolescente. O que mais se vê é o pai olhando para seu filho como se fosse um “adulto em miniatura”, quando nada é mais equivocado.
                Uma informação importante para os pais é que eles deveriam mudar, pelo menos cinco vezes, a configuração do quarto durante o crescimento da criança, porque o que existe num quarto de um bebê (Nível Sensório-Motor) não tem nada que interesse uma criança que esteja no Nível Intuitivo, com 4/5/6 anos. São crianças inteiramente diferentes e com interesses totalmente diversos. Os brinquedos mudam, as camas mudam e até os livros mudam. Logo, para educar uma criança é fundamental saber o que essa criança pensa. Novos questionamentos deveriam surgir, como por exemplo saber se ela precisa de uma mesa, que jogos devem ser comprados, quem deve acompanhar esse processo...
                O período diário onde a criança passa a maior parte do tempo é voltado para a Escola, onde ela encontra o seu melhor brinquedo, segundo Piaget: outras crianças. Mas e o período em que ela não está na escola? Já temos discutido o papel das cuidadoras (babás) aqui no blog, principalmente por conta da falta de formação das mesmas, o que acarreta problemas. A falta de conhecimento é mais grave no trato com as crianças pequenas. Os pais, nos dias de hoje, estão envolvidos em alta atividade produtiva, num mundo competitivo e dinâmico, instável e evolutivo, o que quase elimina a possibilidade de um foco maior nessa delicada situação. Entendo que hoje, por força do que foi dito acima, volta a cena com toda a força a figura dos avós, que durante muito tempo foram colocados de lado por serem considerados ultrapassados. A mudança do conceito se dá por vários motivos, sendo o principal deles o fato de que as pessoas estão sendo, cada vez mais cedo, avós. Os filhos tem tido filhos cada vez mais cedo, e isso criou uma nova condição, que precisa ser bem aproveitada pelas famílias. É preciso que os filhos desses pais mais idosos avaliem bem o quanto foram adequadamente educados, a ponto de ocuparem postos importantes o suficiente para não lhes dar tempo de cuidar de seus próprios filhos. E sendo assim, qual o impedimento em se repetir o modelo anterior que deu tão certo? Qual o problema em um homem saudável – ou mulher – na faixa dos 60 anos, bem informado, bem instruído, com tempo disponível, sair em busca da melhor escola para seu neto? Certamente, pela abrangência dos meios de comunicação de hoje, seria muito mais capacitado a se atualizar, encontrar novos modelos de educação, investigar a fundo a escola de seu neto, e oferecer resultados superiores em termos qualidade da escolha. Frente aos desafios, é uma coisa quase que natural que o homem busque encontrar os meios de fazer frente aos problemas que lhe são impingidos pela vida. Certamente os avós teriam uma resposta fantástica a dar, se fossem convidados a isso. E com tempo para trabalhar no assunto.
                Temos que acreditar que cuidar de crianças exige competência, não importa a quantidade de tempo envolvido. Não podemos descuidar disso. Crianças absorvem com muita rapidez os ensinamentos que lhe são dados e não é só o bom senso que atende a essa situação. Hoje, sabemos muito do psiquismo humano e sobre a maneira como as crianças reagem enquanto se desenvolvem. Por exemplo, sabemos por exemplo que os preconceitos começam a se formar por volta dos 4/5 anos e é vital que exploremos situações que não permitam a criação dos mesmos. E como fazer isso? Certamente você não quer um filho cheio de preconceitos, mas como não passar os seus para ele? Que histórias contar para elas, por exemplo. Já sabemos que existem histórias para todos os níveis de desenvolvimento mental, e não podemos cair no erro de contar uma história esperando que haja algum resultado, quando a mesma não é adequada ao nível mental do ouvinte. Crianças antes dos 6/7/8 anos não entendem histórias que não tenham uma sequência muito clara. Nos jogos a coisa funciona do mesmo jeito. Muitas vezes a criança, ao não entender uma regra, parece ter um comportamento teimoso, mas o que houve foi uma total falta de entendimento da mesma. Saber quando e como uma ação deu resultado em termos de aprendizado é fundamental para uma educação de qualidade;
                Conhecer a criança, saber seu momento e agir de acordo com ele é a essência do processo educacional. E hoje, precisamos mais do que nunca de pessoas que se disponham a entender isso para que nossas crianças possam ser viáveis no futuro.

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