Como lidar com as crianças nessa hora... |
Convencionou-se que a separação de pais
afeta as crianças de forma grave e irremediável, mas isso não é necessariamente
uma verdade, quanto mais verdade absoluta. Na maioria dos casos, o
relacionamento dos pais está tão desgastado que o fim da relação de alguma
maneira traz calma e organização para o ambiente familiar, o que já é um ganho
de qualidade de vida enorme para todos, mas principalmente para as crianças. As
questões afetivas devem ser resolvidas de forma tão madura quanto possível, na
medida em que, sem isso, as demais questões ficam pendentes. E não podem ficar
pendentes soluções para as questões práticas da vida, como por exemplo as
financeiras, na medida em que as crianças precisam estar amparadas para que a
vida continue independente da decisão de seus pais quanto a viver ou não
juntos. Não se pode confundir as duas coisas, como via de regra acontece,
quando os pais colocam as crianças exatamente no meio do fogo cruzado,
submetidas a situações para as quais não tem estrutura nem nível de
desenvolvimento para compreender e suportar. As sequelas, nesse caso, são
muitas. Criança tem que ser protegida, porque nada tem a ver com a relação de
seus pais – por incrível que isso possa parecer para muitos – e, antes de mais
nada, pais mesmo que separados, continuam a ser seus pais.
As crianças devem ser
comunicadas da separação, muito embora elas provavelmente já saibam que isso
vai acontecer por conta da grande
sensibilidade que tem.Pai e mãe devem conversar com elas, e colocar, com
clareza, o que está acontecendo e o que vai acontecer dali para a frente.
Importante saber que crianças até 4/5 anos não entendem tudo. Elas vão voltar a
questionar, e devem ter suas perguntas respondidas quantas vezes for necessário.
Depois dos 7/8/9 anos, tendo a criança chegado ao período Concreto do
pensamento, vai entender bem melhor a situação, e já tendo um pouco da noção de
tempo, vão sofrer mais um pouco ainda. Não ache natural a criança ficar calada,
porque isso pode ser cômodo para os adultos que não querem mais falar sobre o
assunto mas é péssimo para a criança. Falem e deixem que elas falem a vontade
sobre a questão, mesmo que seja sofrido para quem as ouve, porque é nesse
momento que elas fazem o chamado “jogo de liquidação”, que ajuda a resolver as
coisas pelas quais elas estão passando. Evite, a todo custo, ficar com raiva e
dizer para as crianças: “eu já falei”, “eu já expliquei” e coisas tais, porque
ela sabe disso, mas quer ouvir novamente para ver se tem uma notícia diferente.
Tanto a casa da mãe,
quanto a do pai, nessa nova fase da vida, devem ser organizadas visando as
crianças, pois elas terão agora dois ambientes diferenciados para viver. No
entanto, como a criança é única, evite que ela tenha coisas muito diferentes em
cada uma de suas “novas casas”. Ela deve levar os brinquedos que queira e
trazer de volta, de um lado para o outro, o mesmo acontecendo com as roupas e
objetos pessoais. Isso deve acontecer até que ela se fixe em algumas coisas de
cada casa.
Cuidado muito grande
deve ser tomado para que ela não mude de nível social entre uma casa e outra,
pois elas não entendem porque na casa do pai tem uma televisão maravilhosa e na
da mãe a televisão antiga, sem a tecnologia que ela costuma ver quando visita o
pai. E vice-e-versa.
Finalmente, cuidado com aquela velha mania
de “proibir” a criança de comentar a separação em seu ambiente, com os amigos,
na escola e condomínios. Isso resulta em problemas, pode ter certeza.
Sei que é muito
difícil para os adultos, mas é preciso que vejamos que as crianças tem todo uma
vida pela frente, e nossa segurança e proteção é quem vão indicar os melhores
caminhos para elas.
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