domingo, 17 de outubro de 2010

CENTRAÇÃO (Vocabulário Piagetiano)

    É o fenômeno psicológico de fixar a atenção ( (percepção ou representação) em um só ponto de totalidade. À medida que promove movimentos de pesquisa na totalidade (descentração), o pensamento vai criando reversibilidade e operacionalidade. A centração é a explicação para a falta de mobilidade operatória da intuição. Não se deve esquecer de que o  pensamento é movimento. A centração pode ser afetiva ou intelectual, produzindo o egoísmo (afetivo) e o egocentrismo (intelectual). Os indivíduos centrados (intuitivos, egocêntricos e egoístas) não podem pertencer a grupos por falta de capacidade de cooperação e entendimento do ponto de vista do outro, concentrando as cargas afetivas num só elemento do grupo (subgrupo). A centração pode aparecer com "idéia fixa" num conceito, num indivíduo ou num objeto. É a anti-operação. A centração perceptiva ou de representação, é, num ponto, com desprezo dos demais pontos de vista (ver "Teste das montanhas"). A centração (característica da percepção) revela a ausência de flexibilidade do comportamento. Daí Piaget falar em "atividade perceptiva" por oposição à "percepção primária" (comum a todos os mamíferos). A "atividade perceptiva" descongela a "dureza gestáltica" (lei de boa forma) da percepção. O pensamento intuitivo é também centrado por ser mera interiorização da atividade sensório-motora. A descentração do pensamento já é uma operaçào. Quando Piaget fala em "revolução copernicana do eu" (por analogia ao heliocentrismo - Galileu - Copérnico - Kepler), significa que o eu deixou de ser um referencial privilegiado (centração) para ser um "objeto" como outro qualquer entre os demais.
[Vocabulário Piagetiano - Lauro de Oliveira Lima]
Beta

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