quinta-feira, 10 de março de 2011

Quanto falta desenvolvimento moral ... dá nisso


Plágio é uma tema forte e um assunto muito sério. Quando a gente vê autoridades  perdendo seus cargos, como no caso do Ministro da Defesa alemão, fica-se muito impressionado com o poder de destruição que tem essa prática nefasta.  Karl-Theodor zu Guttenberg, renunciou ao cargo devido à polêmica decorrente da suspeita de que plagiou material para sua tese de Doutorado. Considerado um dos políticos mais populares do país, o agora ex-ministro de 39 anos afirmou que esse "foi o passo mais doloroso" de sua vida. Naturalmente, doloroso para ele foi ser descoberto ...e  não o fato ter , supostamente, copiado o material.
Copiar coisas, principalmente num momento da história da humanidade onde o conhecimento está cada vez mais disponível pelos meios digitais, tornou-se uma prática comum. Há uma enorme quantidade de coisas que são copiadas e não creditadas a seus autores, e que acabam mudando de propriedade intelectual sem que nada possa ser feito a respeito (pelo menos até agora). A questão aqui, não é exatamente como coibir mas como evitar. Por ser uma questão moral, só o seu desenvolvimento vai impedir que essa prática se torne um padrão, em tempos vindouros.
O problema do plágio não é novo. Não é coisa da era digital.  Acontece em todos os níveis, desde o garoto que faz o trabalho de casa usando textos de terceiros, copiando e colando e enganando professores que estão fora do mundo digital.  E a solução não é simples, porque não passa pela proibição de uso da internet. Vai além disso... muito além. Até porque os professores já tem conhecimento desse tipo de prática que vai dos níveis mais básicos até as monografias e teses. Alguns sites na internet oferecem, de forma descarada, a produção de qualquer tipo de trabalho, mesmo os mais complexos. Por algum motivo, angariam clientes o tempo todo. Por que será?
Como pode, por exemplo, um professor em nível de Mestrado ou Doutorado, não detectar que aquele conteúdo já existia? Um Orientador deveria ser um especialista com conhecimento sobre o assunto que trata, mas parece que não é assim que acontece em grande parte dos casos, porque se ouve muito falar em “pagou pela monografia ou pela tese”. Porém, mais grave ainda é o fato de um aluno chegar a esse nível de evolução acadêmica sem ter se desenvolvido moralmente. Sabemos que a moral deveria começar a ser desenvolvida desde a Educação Infantil, para que, chegando a idade adulta, estivesse consolidada. O fato de não se trabalhar MORAL com as crianças resulta nisso: adultos tentando enganar aos outros das mais variadas maneiras e, pior de tudo, a si mesmas, com resultados nefastos. O desenvolvimento da moral se inicia já no período Simbólico (2/3/4 anos), quando a criança começa a conhecer as regras dos jogos. Sai da ANOMIA (ausência de regras) e passa para a HETERONOMIA (regras que vem de fora) até chegar a AUTONOMIA,  quando consegue construir as regras. A pergunta é: qual será o nível de moral desses Mestres e Doutores que compram suas monografias e teses? Por que chegaram a idade adulta sem desenvolvimento moral? A resposta está no simples fato de que a escola não tem preocupação em desenvolver seus alunos nessa área, autorizada que está a, tão somente, transmitir conhecimentos. E nem isso consegue, visto que os alunos acabam chegando ao Curso Superior sem condições de realizar tarefas previstas, utilizando-se de recursos sub-reptícios e desonestos, para suprir sua falta de competência
   Uma boa prática seria a exposição dos trabalhos de todos os alunos a comunidade acadêmica, em local de fácil acesso, para que pudessem ser vistas por todos. A crítica mais geral iria expor os “copiadores”, que ficariam sujeitos a descoberta da possível fraude existente.
   Propriedade intelectual ainda é coisa muito negligenciada em nosso país. A Academia não privilegia a criatividade e deixa que as “colchas de retalho” condensadas em um trabalho sejam suficientes para a promoção de um aluno. A mudança na avaliação se daria com o mérito real de produção sendo dado ao que é inusitado, novo, criativo e inovador ... como exige o mercado de hoje.



Beta
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3 comentários:

Odorico Ribeiro disse...

Oi Beta, você está cheia de razao e a lista é enorme: o cientista que ajuda a fabricar armas; o empresario que se descuida com a ecologia; o outro empresario que paga mal a seus empregados; o professor, o ingenheiro, o advogado, o garçon, o enfermeiro e qualquer outro que trabalhe só para ter o que comer ou se vestir melhor; o médico que tem o lucro como objetivo; o padre pedófilo; o político corrupto; o outro que é ambiciosos; etc, etc, etc, etc.... A soluçao está na educaçao, sem dúvida, mas talvez devamos considerar que antes passa por todos nós. A situçao é tao crítica que é fundamental a participaçao massiva de todos sem excessao. Todos podem colaborar de alguma forma. Uns mais e outros menos. Outro dia pedi aqui mesmo que se levara copia da tua cartilha sobre o bullying à Marília Gabriela ou ao Serginho Grossman. Se ninguém ajudou nisso, entao marquemos aí que é ponto para os sem moral.

GABRIEL disse...

Oi, Beta!

Já te contei esse caso no Facebook, mas há um caso de uma professora tutora de uma famosa rede de ensino de Direito em SP que simplesmente publicou como seu um trabalho de conclusão de curso de pós-graduação de um orientando. Há inúmeras histórias semelhantes. Parece que algumas pessoas vão morrer na fase da anomia. São seres amorais. Mas como comentei com você, parece-me que, ao menos nos departamentos de pós-graduação e na produção acadêmica em geral, há um sério problema de banalização do conhecimento acadêmico. Hoje em dia as pessoas fazem mestrado e doutorado cada vez mais cedo. Aumentou sensivelmente o número de instituições a oferecer esses cursos. O acesso à academia foi ampliado e "vulgarizado". No campo da produção científica, o que se vê é cada vez mais produtividade e menos ciência. O que você pensa sobre isso?

Beta disse...

Gabriel,
Acho que esta realmente banal os cursos de Mestrado e Doutorado. As vezes fica dificil saber como algumas pessoas fizeram os cursos.Tudo que e cientifico fica de lado. Estudar para que???? Veja como os pais hoje escolhem uma escola? Geralmente pelo aspecto fisico e pelo glamour. Esta dificil pensar em ideologia.