Todas as atividades escolares podem estar voltadas para a leitura. Os professores têm que entender que a imprensa já foi inventada e que agora são os livros e textos que devem circular em suas salas de aula e não mais sua fala, como os antigos professores na Grécia.
A leitura deve permear todas as disciplinas e não ficar restrita ao estudo da língua. Os professores devem conhecer o nível de desenvolvimento de seus alunos para poder propor os livros a serem lidos. O grande programa que as escolas devem desenvolver é o da leitura. Nada deve estar fora dela.
Nossa proposta na “Chave do Tamanho” é as crianças começarem a ler. Isso antecede aquele processo tradicional do aprendizado por meio de suas famílias. Os pais tem como tarefa contar pelo menos um livro por semana para seus filhos. Estes livros fazem parte da biblioteca do recanto (sala de aula) e vão passar por todos daquela turma. Serão discutidos através de fichas simples inicialmente, em complexidade crescente.
Todos os livros devem ser selecionados de acordo com o nível das crianças. Em cada etapa do desenvolvimento, as crianças gostam de um tipo de literatura e este nível deve ser rigorosamente respeitado. As crianças, por exemplo, antes dos 9 anos mais ou menos, não entendem os livros de mistério. Livros com muitos personagens não são compreendidos pelas crianças de 5 anos, pois eles centram em um só personagem. Assim, temos características para todos os níveis.
Os professores devem estar preocupados (todos) com as leituras que seus alunos estão fazendo.
Nosso programa de leitura tem ainda um livro geral que todo o grupo deve ler durante o semestre ou o ano dependendo da idade ou do tamanho do livro. Damos o nome de livro do recanto (turma), que em nossa escola são livros de Monteiro Lobato, que vão sendo lidos por nossos alunos ao longo de seu desenvolvimento. Ao final do curso fundamental, leram toda a coleção. Esta leitura é também acompanhada por fichas elaboradas pela escola para que os professores possam provocar discussões com seus alunos sobre o tema que esta sendo tratado.
Mostramos então às famílias que o curso fundamental é um curso de leitura. Ao final de um ano as crianças devem ter lido pelo menos 38 livros, o que os coloca na frente de países mais letrados do mundo que chegam a ler 21 livros.
Todas as escolas deveriam ter uma pequena biblioteca, o que em nosso país alcança apenas cerca de 30% das instituições. A escola deveria virar em torno das bibliotecas. Como podemos pensar em bibliotecas se temos 14 milhões de analfabetos e um numero maior ainda de analfabetos funcionais? É simples: vamos inserir as bibliotecas em nosso sistema e promover, através destes leitores, a alfabetização dos que estão a margem do sistema.
Devemos propor ao Ministério de Educação que temos que organizar bibliotecas, pois o que fizeram é uma Biblioteca Virtual – que é uma biblioteca digital que esta sendo desativada por falta de uso (www.dominiopublico.gov.br). Ora, o problema é que as crianças tem que começar criando o hábito de leitura e tendo acesso aos livros para depois irem buscar, através dos computadores, os livros digitais. Nossos governantes não entendem de educação nem de crianças e querem propor programas. Não dão certo. Nem os professores fazem uso do programa que foi elaborado! Fico imaginando quanto custou aos cofres públicos. Onde está a divulgação? Por que fizeram esta escolha? Temos que parar de fazer programas pedagógicos sem perguntar a pedagogos se vão funcionar. Os economistas tem que voltar a dar instruções em suas áreas.
Beta
Um comentário:
Sou ávida por leitura e consequentemente transpiro esse desejo aos meus alunos, uma maneira de estimulá-los tem sido a leitura na roda, onde começo com um trecho da história, previamente selecionado, e eles continuam...Quantos livros já foram lidos no recanto e quantos ainda serão? Um prefácio, um trecho, um fragmento podem abrir muitas portas.
Prô Sônia Lacerda
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