terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Educando para um futuro desconhecido

“Para Jean Piaget, a Ciência era o aspecto atual da evolução, e a Educação não deveria contrariar a tendência da Biologia para a permanente evolução. Com Piaget, a Educação adquiriu um novo objetivo: desafiar as novas gerações a criticar o sistema e as formas sócio-culturais estratificadas, para aperfeiçoá-las. Afinal “a rebeldia da juventude é um sintoma de sua saúde mental” (Lauro de Oliveira Lima).

Quando Lauro criou o método psicogenético tinha em mente não deixar a descoberto nenhum aspecto relevante da multiplicidade das linhas de desenvolvimento. Como podemos perceber pela primeira vez na historia da educação, o objetivo é o comportamento global (motor, verbal e mental) do aluno e não os conteúdos (currículos e programas). Lauro foi enfático para não deixar duvidas, já que este aspecto do conteúdo em seu método é apenas o trigo para movimentar a máquina de moer. A máquina sim, é importante, pois é a inteligência.

Estamos, no método psicogenético, sempre questionando nossos alunos em tudo o que fazem e perguntado como chegaram aquele raciocínio.  Se a criança ou adolescente não sabe explicar (o que seria uma tomada de consciência) porque agiu de determinada maneira para obter aquele resultado, provavelmente a inteligência não entrou em jogo.

Sempre questionando o papel da escola na formação da criança, Lauro de Oliveira Lima comenta que, durante mais de dois mil anos, da Grécia aos nossos dias, a escola dedicou-se ao binômio exercitação e avaliação, com o propósito de gravar na memória dos alunos os conhecimentos apresentados. Mas perdeu totalmente a função de gravar, frente as novas tecnologias. A partir da descoberta da imprensa, que muitos professores ainda não incorporaram, a função de armazenamento mudou de repositório. O que tinha que ser feito mentalmente, ocupando a maior parte do tempo do chamado “ensino”, passou a ser função de  meios e equipamentos. Dezenas de novos meios de  estocar os conhecimentos está disponível nos dias de hoje, trabalhando com muito mais eficiência para essa tarefa: fotografias, filmes, HDs de terabytes, pendrives cada vez maiores e, por último, os ambientes de backup em “cloud computing”, pondo praticamente qualquer informação, quase que instantaneamente, a disposição do usuário. Por outro lado, a tecnologia vem conseguindo construir máquinas que substituem, com vantagens, muitas das habilidades humanas.

Diz Lauro: “Por isso, acho que já não tem muito sentido dedicar vinte anos de vida a tarefa de armazenar conhecimentos que podem ser prontamente obtidos nos bancos de dados, e a adquirir habilidades (cálculo, p.ex.), que as maquinas superam de longe.” Então o que sobra para a Escola fazer? Desenvolver a inteligência para que as crianças possam utilizar todos os dados que estão a sua disposição. O lema de Lauro para a escola é ENSINAR A APRENDER. E é nesta perspectiva que entra a imensa obra de Piaget, que dedicou a vida a descobrir como funciona a inteligência.

A orientação do Lauro é que os professores e pais estudem ficção cientifica para entender o universo onde seus filhos e alunos irão viver. Não devemos educar para o aqui e agora. Os jovens sabem mais do futuro do que os adultos que estão a sua volta.

É do Prof. Lauro de Oliveira Lima o pensamento:
“O conflito de gerações é o conflito entre o HÁBITO e a INTELIGÊNCIA em FORMAÇÃO; o ADULTO representa o HÁBITO, o JOVEM a CRIATIVIDADE. O conflito de gerações revela, assim, um complô dos adultos contra a INVENÇÃO e a DESCOBERTA. Com isto frustra-se a “INTENÇÃO” do processo EVOLUTIVO que é fabricar um animal cujo comportamento seja sempre INVENTADO (liberdade).

Beta

Um comentário:

Odorico Ribeiro disse...

Oi Beta, obviamente o que você escreve é muito importante para a educação em geral e para a política educacional brasileira em particular. Mas desta vez me restringirei às fronteiras d’A Chave. Em primeiro lugar, todos os teus artigos publicados no blog deveriam estar expostos num lugar bem visível aí n’A Chave. Em segundo lugar, todos os prôs deveriam preguntar aos pais dos seus respectivos recantos se eles já leram os artigos uma vez publicados. Beijos