Oito anos… uma idade mágica para os legisladores, porque trataram de uma questão altamente complexa – o momento de alfabetizar – como um elemento meramente burocrático. Sim, porque o que diz que uma criança está ou não pronta para ser alfabetizada não é a data de nascimento, mas sim o seu nível de desenvolvimento mental. Quando é que vão entender isso??? Sim, oito anos não foi uma aposta muito longe da realidade, porque é entre os 6 e 8 anos que as crianças conservam o número, sendo essa a estrutura mental que proporciona as condições de alfabetização lógica às crianças. Ou seja, atiraram no que viram e acertaram no que não viram. Se nesse caso deu certo, por mera casualidade, em todos os demais dá errado, ou seja, estipulam a idade em que as coisas devem ser ensinadas e não querem saber se isso vai funcionar ou não. O ser humano adora sistematizar, porque esse é um modelo que deu certo em grande parte da história da humanidade, mas é preciso não fazer isso compulsivamente, correndo-se o risco de cometer barbaridades meramente porque “tem que ser assim”, e pronto. Quem diz se uma criança está pronta para aprender ou não determinada coisa é seu nível de desenvolvimento mental, nada mais. O que acontece, no mais das vezes, é que acabam obrigando a criança a entender uma coisa para a qual não tem esquema. É como pegar uma pessoa fora de forma e obrigar a escalar uma montanha. A possibilidade de dar tudo errado é enorme! Mas isso não é considerado na Educação.
No caso da alfabetização, por exemplo, a grande dica é trabalhar o pensamento matemático, porque a partir daí a criança segue em frente sem problemas. No entanto, as crianças acabam muitas vezes o curso fundamental sem saber as quatro operações. Frações? Nem pensar... Ninguém parece saber que existe o pensamento infralógico e que precisa ser trabalhado para criar um pensamento matemático consistente. Ou seja, marcam idade para alfabetizar, marcam idade para ensinar matemática, e nada funciona no final das contas, até porque é tudo desassociado quando deveria ser totalmente interligado. O cérebro humano não entende o que os calendários escolares estão querendo dizer e se comporta da maneira mais natural possível, qual seja, desenvolvendo cada etapa de acordo com suas possibilidades. E quando não há colaboração para isso, ele vai do jeito que der.
Uma coisa é certa: alfabetizar uma criança para ela não ler é simplesmente criminoso. Pais, professores, diretores, todos deveriam estar engajados nesse enorme esforço de fazer acontecer a alfabetização, porque tudo o que vem “depois” depende disso. Uma alfabetização inadequada gera não-leitores, que sem a leitura não irão muito longe
No fim das contas, alfabetização é tão somente um know-how. Temos que nos preocupar é em como vamos usar a leitura a partir daí, em prol do desenvolvimento de sua inteligência.
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